O Ministério da Saúde anunciou nessa terça-feira (9/12) diretrizes para o uso da vacina nacional contra a dengue, criada pelo Instituto Butantan. O imunizante de dose única será aplicado inicialmente apenas em profissionais da saúde e, posteriormente, terá sua faixa de atenção expandida.
As primeiras 1,3 milhão de doses serão entregues ao grupo da atenção primária. O conjunto inclui trabalhadores das unidades básicas de saúdes (UBSs) e equipes que fazem visitas domiciliares. As vacinas devem ser dadas até o fim de janeiro de 2026.
“A atenção primária é a porta de entrada para os casos de dengue, por isso é fundamental proteger o mais rápido possível esses profissionais”, afirmou o ministro Alexandre Padilha no detalhamento do plano de imunização.
Expansão da vacinação nacional
O Ministério da Saúde trabalha com o projeto de ampliar o público a partir da maior produção que será feita pelo Instituto Butantan. A campanha, com início provável ainda no primeiro semestre de 2026, deve começar por adultos de 59 anos e ser expandida gradativamente, até alcançar a faixa de 15 anos.
A ideia é privilegiar adultos mais velhos, que não puderam ser imunizados com a vacina da Takeda, a Qdenga, pelo Sistema Único de Saúde (SUS) — o imunizante tem sido aplicado desde o início do ano apenas em adolescentes de 10 a 14 anos. Adultos mais velhos também estão mais próximos de se tornarem idosos, público no qual a dengue apresenta mais casos fatais.
A parceria técnica entre Butantan e WuXi Vaccines vai permitir o aumento de oferta. A empresa chinesa será responsável por etapas de produção e transferência de tecnologia.
Estudo de caso em Botucatu
Parte das primeiras doses será destinada à Botucatu, em São Paulo. A cidade participará de um estudo para avaliar o impacto da vacinação ampla em faixa etária específica. A estratégia envolverá habitantes de 15 a 59 anos. A operação será feita em ritmo mais acelerado que no restante do país para avaliar no município os impactos esperados da imunização.
Pesquisadores estimam que a adesão entre 40% e 50% do público total já possa produzir impacto relevante na diminuição de mortes pela doença. O objetivo é medir redução de casos e mudança na dinâmica de transmissão. A avaliação deve guiar futuras políticas públicas. A estratégia poderá ser replicada em outras áreas.
Botucatu já participou de experiência semelhante durante a pandemia de Covid-19. O município terá monitoramento contínuo para avaliar a resposta ao imunizante, especialmente por ter uma predominância do sorotipo DENV-3, responsável pelo aumento expressivo de casos em 2024.
Vacinação contra dengue em adolescentes
O SUS já oferece outro imunizante contra dengue. A vacina é fabricada pelo laboratório japonês Takeda e aplicada em duas doses. Ela é usada em adolescentes de 10 a 14 anos. O país incorporou esse imunizante em 2024 e se tornou pioneiro no uso em rede pública de vacinas contra a arbovirose.
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