São Paulo — A Polícia Civil indiciou o soldado Luan Felipe Alves Pereira por tentativa de homicídio ao jogar um homem de uma ponte durante uma abordagem, em Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo, no ano passado. O PM está preso no Presídio Romão Gomes desde 5 de dezembro.
“O referido inquérito está em fase de conclusão e deverá ser remetido ao Judiciário, com o indiciamento do agente, nos próximos dias. Nesta segunda-feira (7), Policiais da 2ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) realizaram a oitiva do policial que permanece detido no Presídio Militar Romão Gomes (PMRG). Outros doze policiais seguem afastados das atividades operacionais. O Inquérito Policial Militar (IPM) já foi concluído e encaminhado à Justiça Militar, enquanto um procedimento disciplinar permanece em tramitação”, afirmou a Secretaria da Segurança Pública (SSP), em nota.
Durante a abordagem, os agentes estavam com câmeras corporais, o que ajudou a equipe de investigação a entender a dinâmica do caso. Além de Luan, outros seis PMs que participaram da ocorrência já tinham sido indiciados pela Corregedoria da Polícia Militar, por tentativa de homicídio e outros crimes militares.


PM jogou homem de ponte no bairro Cidade Ademar, na zona sul de São Paulo
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O caso ganhou grande repercussão midiática
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O soldado Luan Felipe Alves Pereira já havia sido preso e agora foi indiciado
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Outros seis policiais foram indiciados: um por lesão corporal, um por peculato culposo e quatro por prevaricação
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Ação da PM
No relatório interno da Polícia Militar sobre a ocorrência, os agentes omitiram a informação de que um homem havia sido jogado de uma ponte. Os policiais dizem ter perseguido suspeitos, em motos, até chegarem a um baile funk. Segundo eles, o fluxo se dispersou com a presença dos PMs.
Um homem teria sido ferido com um tiro. Ao supostamente apresentarem a ocorrência do rapaz baleado no 26º Distrito Policial (Sacomã), ainda segundo relato feito pelos policiais militares, o registro teria sido “dispensado”. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), no entanto, diz que a ocorrência não foi apresentada à Polícia Civil.
Somente após o comando do 3º Batalhão da Polícia Militar ficar ciente de um vídeo feito com celular — no qual um soldado da Ronda com Motocicletas (Rocam) aparece jogando o homem da ponte — é que o caso acabou sendo formalizado e o inquérito foi instaurado pela corporação.
Após a repercussão, um inquérito também foi instaurado pela Polícia Civil, por meio da Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 2ª Seccional.
“Preleção” antes de depoimento
Como revelado pelo Metrópoles, os policiais envolvidos no caso relataram a dinâmica da ocorrência a advogados durante breve reunião em frente à Corregedoria da PM. Parte da conversa foi registrada em vídeo pela reportagem (assista abaixo).
Nas imagens, é possível ver quatro PMs e três advogados na calçada. Um dos agentes, que aparece de costas, é quem descreve com mais detalhes a perseguição que terminou com o rapaz sendo arremessado da ponte por um PM.
Rapaz jogado de ponte
O rapaz arremessado da ponte, identificado como Marcelo Barbosa Amaral, de 25 anos, sobreviveu à violência. Segundo testemunhas, saiu andando do local, apesar de estar muito machucado.
Em depoimento à Polícia Civil, Marcelo afirmou que o soldado Luan o agrediu com cassetete na cabeça e lhe deu um ultimato. “Você tem duas opções: você pula da ponte ou jogo você e sua motocicleta daqui”, teria dito o PM ao manobrista.