O Tribunal do Júri de Ceilândia condenou, nesta sexta-feira (24/10), o cabo da PMDF Bruno Correa da Hora Fernandes pela morte do feirante Cledson de Caldas Souza. O policial baleou Cledson na cabeça e no braço após uma confusão de trânsito em 31 de dezembro de 2023, véspera do Ano-Novo.
O réu foi julgado por homicídio qualificado e emprego de arma de fogo de uso restrito, embriaguez ao volante e porte de arma de uso restrito por integrante da Polícia Militar.
O juiz sentenciou o PM a 22 anos e oito meses de prisão em regime fechado, sem a possibilidade de recorrer em liberdade.
Familiares e amigos de Keke, como a vítima era conhecida, aguardaram 664 dias por Justiça. “Estou muito grata a Deus e muito feliz com tudo”, disse a irmã de Cledson, Tereza Cristina.
Relembre o caso
- O policial Bruno Correa da Hora Fernandes estava acompanhado da esposa e de um casal de amigos quando decidiu lanchar em um estabelecimento da CNM 1;
- No local, havia um motorista de um Gol, que aparentava estar alterado, segundo relataram testemunhas no boletim de ocorrência. Era Cledson;
- De acordo com os depoimentos, Bruno teria ido conversar com ele e o orientado a ir embora. Após discutirem, Cledson teria deixado o local e, na sequência, o policial também foi embora;
- No entanto, na saída, eles voltaram a se encontrar, ao pararem em um semáforo da Avenida Hélio Prates;
- À polícia o PM disse que Cledson teria socado o vidro do carro e o ameaçado de morte. Alegando temer pela vida, o militar atirou.
“Ele achava que meu irmão sobreviveria”
Na época do crime, o caso foi encaminhado à 15ª Delegacia de Polícia (Ceilândia). Apesar da comoção do caso, o cabo não foi afastado na época.
“Ele alegou legítima defesa e, em um dos depoimentos, disse que achava que meu irmão sobreviveria a um tiro na cabeça. Ele falou isso”, contou Tereza.
O Metrópoles apurou que Bruno é 3° sargento do Quadro de Praças Policiais Militares Combatentes (QPPMC). Exercia serviços à corporação desde 2014, com remuneração básica de R$ 9.167,01, segundo o portal de transparência.
Apenas no fim de agosto deste ano é que o policial teve processo de sindicância instaurado. A informação foi divulgada em boletim de comando-geral da PMDF.
Em nota, a PMDF informou que o policial militar se encontrava em serviço administrativo até o julgamento.