
A resistência a antibióticos está se espalhando em ritmo preocupante no mundo todo. Um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que uma em cada seis infecções bacterianas confirmadas em laboratório já é resistente aos tratamentos disponíveis. O levantamento reuniu dados de mais de 100 países entre 2016 e 2023 e foi divulgado nessa segunda-feira (13/10).
Segundo a OMS, a resistência antimicrobiana, ameaça reduzir a eficácia de medicamentos essenciais e compromete o sucesso de tratamentos que salvam vidas. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas morram todos os anos por infecções causadas por bactérias resistentes.
O relatório, elaborado a partir do Sistema Global de Vigilância de Resistência e Uso de Antimicrobianos (GLASS), analisou mais de 23 milhões de casos de infecções da corrente sanguínea, do trato urinário, gastrointestinais e gonorreia urogenital. A resistência aumentou em cerca de 40% das amostras monitoradas no período.
Regiões mais afetadas e causas do avanço
Os níveis mais altos de resistência a antibióticos estão concentrados no sul da Ásia e no Oriente Médio, onde cerca de uma em cada três infecções relatadas não responde aos tratamentos convencionais.
Na África, a resistência ao tratamento de primeira escolha para algumas bactérias que causam infecções graves do sangue já ultrapassa 70%, aumentando o risco de sepse, falência de órgãos e morte.
As mudanças genéticas naturais dos microrganismos fazem parte da evolução, mas o uso incorreto e excessivo de antibióticos em humanos, animais e até em plantas está acelerando o problema, segundo a OMS.
A organização reforça que a automedicação e o uso de antibióticos sem prescrição médica contribuem para tornar as bactérias cada vez mais difíceis de combater.
Em comunicado, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou que a resistência antimicrobiana está ultrapassando os avanços da medicina moderna e ameaçando a saúde das famílias em todo o mundo. Ele defendeu o uso responsável dos medicamentos e a ampliação do acesso a antibióticos adequados, diagnósticos precisos e vacinas.
A OMS também destacou que fortalecer os sistemas nacionais de vigilância e aplicar políticas mais rígidas de controle são passos essenciais para conter o avanço das superbactérias e proteger os ganhos obtidos pela medicina nas últimas décadas.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!