Guillermo del Toro, diretor renomado pelo trabalho em O Labirinto do Fauno e vencedor do Oscar por A Forma da Água, afirmou em entrevista à emissora norte-americana NPR que “prefere morrer” a depender do uso da Inteligência Artificial no cinema.
“Não estou interessado, nem nunca vou me interessar pela Inteligência Artificial, particularmente pela IA generativa. Tenho 61 anos e espero poder continuar desinteressado em usar isso até eu bater as botas. Outro dia, alguém me escreveu um e-mail perguntando: ‘Qual é sua opinião sobre IA?’. Minha resposta foi muito curta: ‘Eu prefiro morrer’”, revelou.
Del Toro acrescentou ainda que não se sente ameaçado pelo uso das ferramentas generativas – como ChatGPT, Gemini e MidJourney –, mas sim que acredita que elas tornam os profissionais do meio preguiçosos e potencializam a “estupidez natural”.
“Minha preocupação não é a inteligência artificial, mas a estupidez natural. É isso que está por trás de tudo de pior que acontece no mundo”, declarou.
O diretor, que em breve irá estrear a adaptação de Frankenstein nos cinemas e na Netflix, ainda comparou os “tech bros” (manos da tecnologia) que criaram as ferramentas de IA ao cientista maluco responsável por criar o monstro.
“Victor Frankenstein se parece com os ‘manos da tecnologia’, de certa forma. Ele está meio cego, criando algo sem considerar as consequências e acho que temos que pausar e considerar o caminho que estamos tomando”, completou.
O tema já se tornou polêmico em Hollywood e foi um dos pontos que, por exemplo, motivaram a greve dos roteiristas e atores em 2023. Uma das principais reivindicações dos sindicatos norte-americanos era controlar que IAs generativas não fossem usadas para diminuir os custos de produção, evitando assim a contratação de novos profissionais e ferindo os direitos autorais de escritores e atores.
Além disso, na premiação do Oscar deste ano, a IA também causou polêmicas após dois dos principais indicados, O Brutalista e Emília Pérez, fazerem uso da tecnologia. A Academia do Oscar inclusive precisou atualizar o regulamento para impedir que filmes fossem penalizados pelo emprego das ferramentas.






