O Carnaval é uma das épocas mais aguardadas pelos brasileiros. Entre o batuque envolvente das baterias, as fantasias coloridas e as músicas que contagiam, os foliões parecem ganhar uma nova energia. É nesse clima vibrante que o feriado transforma ruas e avenidas em verdadeiros palcos de celebração.
Um dos pilares do Carnaval brasileiro são os desfiles das escolas de samba. No entanto, há anos que o Distrito Federal não vê suas escolas atravessarem a avenida, deixando um vazio cultural em uma região que já teve tradição e público fiel.
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O último desfile de Brasília ocorreu em 2023, quando as agremiações retornaram à avenida após uma década fora da programação oficial. Antes disso, a última apresentação havia sido em 2014. Nesse intervalo, o DF acumulou quase dez anos sem desfiles — e, mesmo com o retorno pontual em 2023, não houve Carnaval de escolas em 2024 nem em 2025, além de ainda não existir confirmação para 2026.
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Carnaval do DF
Joel Rodrigues/Agência Brasília
Carnaval do DF
Joédson Alves/Agência Brasil
Carnaval do DF
Antônio Cruz/ Agência Brasil
Carnaval do DF
Fábio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Carnaval do DF
Joédson Alves/Agência Brasil
Carnaval do DF
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Diante desse novo ciclo de indefinição, escolas de samba e entidades do setor têm se mobilizado e cobrado um posicionamento da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e do Governo do Distrito Federal.
Kleber Dias, titular do Comitê Permanente de Carnaval, responsabiliza o GDF pela não realização do desfile de 2025. “Os desfiles não aconteceram em 2024 e 2025 porque faltou gestão, planejamento e diálogo. Não houve organização prévia, não houve definição orçamentária e o Comitê não foi chamado para participar de nenhuma decisão. O Carnaval não deixou de acontecer por culpa das escolas, e sim pela ausência de política pública. O DF perdeu oportunidades culturais, sociais e econômicas. Isso não pode se repetir”, afirma.
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Ele também chama atenção para a Lei nº 4.738, que dispõe sobre a realização do Carnaval na capital federal. Segundo o representante do comitê, a legislação precisa ser atualizada: “É antiga, não atende às necessidades atuais das escolas e trava o crescimento do Carnaval. Precisamos de uma legislação moderna, que abra espaço para novas agremiações, fortaleça as que já existem e trate o Carnaval como uma política pública, não como um evento improvisado”.
Pedro Gonzalez, presidente da Liestra-DF (Liga Independente das Escolas de Samba Tradicionais do DF), reforça o pedido. O representante destaca que a atualização é necessária: “Hoje, não há garantias de continuidade dos recursos, nem prazos definidos ou critérios claros para os editais, o que impede as agremiações de trabalharem com planejamento e segurança jurídica”.
Foliões se divertindo no Carnaval do DF
Impacto nos trabalhadores
O Carnaval é um dos eventos que mais geram renda para o Distrito Federal. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a folia deste ano movimentou R$ 320 milhões apenas em atividades ligadas ao turismo — um aumento de aproximadamente 1,5% em relação ao ano passado.
Ao longo dos quatro dias de festa, 45 blocos desfilaram por 11 regiões administrativas do DF, além das diversas atrações dos Territórios da Folia. A programação se espalhou pelo Plano Piloto, Taguatinga, Ceilândia, Gama, Águas Claras, São Sebastião, Estrutural e Paranoá.
O Carnaval também impulsiona a geração de empregos. Segundo dados da Agência Brasil, em 2025 foram abertas mais de 32 mil vagas temporárias. Esse cenário reflete diretamente nas escolas de samba, que dependem de uma vasta cadeia produtiva para colocar os desfiles na rua — envolvendo costureiras, ferreiros, aderecistas, músicos, coreógrafos, artesãos, entre muitos outros profissionais.
De acordo com Gleidson de Sá, presidente da Uniesbe-DF (União das Escolas de Samba e Blocos de Enredo do DF), a ausência dos desfiles causa um impacto profundo nos milhares de trabalhadores que prestam serviços às escolas de samba.
“A maior parte desses profissionais vem da própria comunidade, pessoas que encontram nas agremiações uma oportunidade real de trabalho, renda e valorização de seus talentos. O Carnaval movimenta a economia criativa, fortalece laços sociais e alcança territórios onde, muitas vezes, o estado não chega com a mesma efetividade”, reflete.
“A falta dos desfiles gera grandes dificuldades financeiras, estruturais e sociais para as escolas de samba. Ainda assim, as agremiações fazem o impossível para preservar suas atividades, que vão muito além do período carnavalesco”, completa.
O Metrópoles entrou em contato com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa, mas não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
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Bloco Portadores da Alegria promoveu inclusão no DF durante o Carnaval de 2024

Foliões se divertindo no Carnaval do DF
Hugo Barreto/Metrópoles
@hugobarretophoto
Foliões curtem Carnaval no DF
Hugo Barreto/Metrópoles/@hugobarretophoto