Um estudo publicado nesta segunda-feira (25/8) na revista Nature Medicine analisou como a dieta mediterrânea pode influenciar o risco de Alzheimer. A pesquisa mostrou benefícios mesmo em pessoas com maior predisposição genética.
Os pesquisadores acompanharam 4.215 mulheres do Estudo de Saúde de Enfermeiras e 1.490 homens do Estudo de Profissionais de Saúde dos Estados Unidos por mais de três décadas. Foram avaliados hábitos alimentares, amostras de sangue e dados genéticos.
A idade média dos participantes no início da pesquisa era de 57 anos. Durante o acompanhamento, foram observados padrões alimentares de longo prazo e metabólitos sanguíneos, pequenas moléculas que refletem como o corpo processa os alimentos.
O objetivo foi entender se a alimentação poderia influenciar a saúde cognitiva e reduzir o risco de demência. Segundo Yuxi Liu, autora do estudo e pesquisadora do Brigham and Women’s Hospital e Harvard Chan School, nos Estados Unidos, a dieta mediterrânea é o único padrão alimentar que demonstrou benefícios cognitivos em estudos controlados.
Nas pesquisas, os participantes são divididos aleatoriamente em grupos para testar a dieta, garantindo que os resultados reflitam os efeitos reais da alimentação. A pesquisa também avaliou se esses benefícios variam conforme diferentes perfis genéticos.
Os pesquisadores descobriram que seguir a dieta mediterrânea está associado a menor risco de demência e a um declínio cognitivo mais lento. O efeito protetor foi mais evidente entre os participantes com maior risco genético, ou seja, homozigotos para APOE4, indicando que a alimentação pode compensar parcialmente a predisposição genética.
A doença de Alzheimer tem forte componente hereditário, estimado em até 80%. O gene APOE4 é um dos principais fatores de risco e influencia a forma como o corpo processa gorduras e proteínas no cérebro.
Desse modo, pessoas com duas cópias da variante têm até 12 vezes mais chance de desenvolver a doença, enquanto quem possui apenas uma cópia apresenta risco três a quatro vezes maior.
O estudo também analisou metabólitos sanguíneos. Os pesquisadores perceberam que a dieta mediterrânea pode alterá-los de forma benéfica, influenciando processos importantes para a saúde do cérebro.
As descobertas indicam que mudanças nos hábitos alimentares podem proteger a cognição e abrir caminho para estratégias de prevenção do Alzheimer e de outras demências de forma mais personalizada.
Limitações e perspectivas futuras
O estudo foi feito principalmente com pessoas de ascendência europeia e alto nível educacional, o que significa que os resultados podem não se aplicar a todas as populações. Além disso, a análise de genética e metabólitos ainda não é usada na prática clínica comum para prever o risco de Alzheimer.
Os pesquisadores querem entender se é possível usar mudanças na dieta para alterar metabólitos específicos. Isso pode abrir caminho para medidas direcionadas a quem tem maior risco genético.
Apesar das limitações, os cientistas reforçam que hábitos alimentares têm papel importante na saúde do cérebro. Eles recomendam a dieta mediterrânea como forma de prevenção, especialmente para pessoas com maior predisposição genética, enquanto novos estudos aprofundam essas descobertas.
Siga a editoria de Saúde e Ciência no Instagram e fique por dentro de tudo sobre o assunto!
Leave a Reply