
Mais de 3 bilhões de pessoas vivem com alguma condição neurológica no mundo, segundo um novo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS). O levantamento mostra que 42% da população global enfrenta doenças que afetam o cérebro e o sistema nervoso, como enxaqueca, epilepsia, acidente vascular cerebral (AVC) e Alzheimer.
A agência alerta que, apesar de muitas dessas doenças serem preveníveis ou tratáveis, o acesso a diagnóstico e cuidados continua distante para a maioria das pessoas.
O estudo é o primeiro da OMS dedicado exclusivamente à neurologia e reúne dados de 102 países, que juntos representam 71% da população mundial. A análise aponta que as condições neurológicas são hoje a principal causa de incapacidade e de problemas de saúde, além de provocarem 11,8 milhões de mortes por ano.
Os índices são ainda mais altos na Europa e nas Américas, onde quase metade da população é afetada por algum tipo de distúrbio neurológico.
Doenças mais comuns e desigualdade no tratamento
Entre os 37 diagnósticos avaliados, os que mais contribuem para mortes e incapacidades incluem acidente vascular cerebral, Alzheimer e outras demências, enxaqueca, meningite, epilepsia e neuropatia diabética.
Também entram na lista doenças neuromusculares, distúrbios do desenvolvimento e complicações neurológicas associadas à Covid-19 e ao nascimento prematuro.
Apesar da abrangência das doenças, apenas 32% dos países têm políticas nacionais voltadas aos distúrbios neurológicos, e somente um em cada quatro os inclui na cobertura universal de saúde. O relatório mostra ainda que países de baixa renda contam com até 82 vezes menos neurologistas do que os de renda alta, o que deixa milhões de pessoas sem diagnóstico e tratamento adequados.
“Com mais de uma em cada três pessoas no mundo vivendo com condições que afetam o cérebro, precisamos fazer tudo o que for possível para melhorar o atendimento”, afirmou o vice-diretor-geral da OMS, Jeremy Farrar, em comunicado.
Ele destacou que muitas dessas condições “podem ser prevenidas ou tratadas de forma eficaz, mas os serviços continuam fora do alcance da maioria, especialmente em áreas rurais e desassistidas”, aponta.
A falta de investimento em pesquisa e políticas públicas também agrava o cenário. Apenas 34 países relatam ter financiamento específico para doenças neurológicas, e menos de um quarto conta com sistemas estruturados de apoio a cuidadores, que frequentemente são familiares e trabalham sem reconhecimento ou remuneração.
A OMS pede que os governos priorizem a saúde cerebral e adotem medidas concretas para ampliar o acesso ao cuidado neurológico, fortalecer a prevenção e reduzir desigualdades. O objetivo é acelerar o cumprimento das metas globais previstas até 2031, garantindo que pessoas com condições neurológicas recebam o tratamento e o suporte que necessitam ao longo da vida.
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