Se no momento o melhor produto que o governo federal tem para oferecer aos brasileiros ainda é Lula, então que seja Lula direto na veia, em doses cavalares, e não calado a maior parte do tempo, e não recluso nos palácios do Planalto e da Alvorada. Parece óbvio?
Mas transcorridos dois anos, só agora se tornou óbvio para o próprio Lula graças a dois fatos: a mudança na sua equipe de comunicação com a chegada do marqueteiro Sidônio Pereira, e os resultados da mais recente pesquisa do instituto Quaest.
Ao dizer que se a eleição fosse hoje Lula não a venceria, Gilberto Kassab, presidente do PSD e secretário do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), deu sua contribuição para acordar a fera e aguçar o seu temido apetite por votos. Nada como um desafio.
A pesquisa Quaest mostrou que pela primeira vez a reprovação de Lula é maior do que a aprovação. Lula perdeu popularidade em suas maiores fortalezas: no Nordeste que lhe garantiu a vitória em 2022, entre as mulheres e entre os eleitores de mais baixa renda.
Há nove meses sem dar uma entrevista coletiva, Lula voltou a responder às perguntas dos jornalistas, saindo-se bem. O que disse sobre a economia, por exemplo, serviu para acalmar temporariamente o sempre insatisfeito mercado financeiro.
Lula aproveitou o jantar do PT que celebrou a indicação de Lindbergh Farias (RJ) como seu novo líder na Câmara para anunciar a aposentadoria do “Lulinha Paz & Amor”, invenção do publicitário Duda Mendonça com a qual se elegeu em 2002.
O rugido agradou seus colegas de partido. Lula convidou-os a ir para o pau com os bolsonaristas e revelou que daqui para frente ele também irá. Nada mais de afagos com a esperança de conquistá-los um dia. Combate cerrado às notícias falsas nas redes sociais.
A ordem é responder a todas. E voltar a ocupar as ruas em datas especiais. Haverá viagens internacionais, mas Lula quer gastar a maior parte do seu tempo visitando os Estados, inaugurando obras e se reencontrando com o povo. Uma esperta decisão.
Sob reserva, e salvo um eventual problema de saúde, os líderes da direita concordam que Lula tem assegurada desde já uma das vagas no segundo turno da eleição de 2026. Foi o que aconteceu com todos os presidentes que concorreram a um novo mandato.
Só Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se elegeu direto no primeiro sem precisar disputar o segundo turno. Só Bolsonaro não se reelegeu.