Uma das condições que mais tem afetado a população na atualidade é a esteatose hepática. Também conhecido como gordura no fígado, o quadro acontece quando há o acúmulo expressivo de gordura nas células hepáticas. A alimentação está entre os principais fatores de risco.
Por ser uma condição silenciosa, o diagnóstico nem sempre ocorre nas fases iniciais. Sem o tratamento adequado, a gordura no fígado pode evoluir para inflamação, fibrose, cirrose e insuficiência do órgão. Em casos mais graves, até câncer hepático.
De acordo com hepatologistas entrevistados pelo Metrópoles, não existem um alimento vilão, mas quando a dieta desregrada é combinada com um estilo de vida pouco saudável, com poucos exercícios físicos diários e o consumo de bebidas alcoólicas em excesso, os alimentos podem elevar o risco do quadro hepático.
É importante lembrar que o fígado é responsável por participar de grande parte dos processos metabólicos do corpo humano, incluindo a digestão de gorduras, absorção de nutrientes e eliminação de substâncias, sendo considerado imprescindível para o funcionamento do organismo.
“Controlar fatores que favorecem o acúmulo de gordura no fígado ajuda a regular também a síndrome metabólica e a resistência insulínica. Isso reduz o acúmulo de gordura hepática e evita sua progressão. A esteatose pode avançar para fibrose, cirrose e até câncer de fígado, por isso é fundamental intervir nesses hábitos”, aponta o hepatologista Adriano Moraes, do Hospital Santa Lúcia, em Brasília.
Piores alimentos para o fígado
- Açúcares simples (refrigerantes, sucos industrializados, doces e sobremesas): em excesso, a frutose — especialmente a adicionada — é rapidamente convertida em gordura pelo fígado.
- Carboidratos refinados (pão branco, massas, salgados e ultraprocessados): elevam glicose e a insulina, ampliando a síntese de gordura hepática.
- Gorduras trans e saturadas em excesso (frituras, fast-food e carnes processadas): responsáveis por aumentar resistência insulínica e inflamação.
- Bebidas alcoólicas: mesmo em quantidades consideradas “sociais”, potencializam a deposição de gordura e pioram inflamação.
Como esses alimentos impactam o acúmulo de gordura hepática
O fígado é o órgão responsável por receber e processar praticamente tudo que ingerimos, qualquer excesso no órgão traz prejuízos. A hepatologista Natália Trevizoli explica que, em grandes quantidades, açúcar, álcool ou gordura provocam três situações: aumento da lipogênese hepática (processo de criar gorduras a partir do excesso de carboidratos e outras fontes de energia) e resistência à insulina e inflamação metabólica (inflamação que atrapalha as funções do copo).
“O fígado transforma esse excesso em gordura e o corpo passa a armazená-la. Assim, o tecido hepático fica mais vulnerável e perde a capacidade de metabolizar gorduras. Com o tempo, isso favorece a evolução para inflamação, fibrose e, em casos avançados, cirrose”, diz a especialista do Hospital Brasília.
Identificar problemas na alimentação e diminuir ou retirar os hábitos alimentares que favoreçam a esteatose hepática é essencial para evitar o avanço da doença. “O fígado é extremamente responsivo ao estilo de vida — tanto para pior quanto para melhor. Uma alimentação adequada reduz rapidamente resistência insulínica, inflamação e acúmulo de gordura”, ressalta Natália.
Normalmente, ao adotar mudanças consistentes no estilo de vida, é possível observar melhora significativa na quantidade de gordura no fígado em cerca de três a seis meses. No entanto, o tempo pode variar, a depender da gravidade do caso e de cada organismo.
Como reduzir a gordura no fígado
A receita para evitar a condição hepática é simples: mudar o estilo de vida. Com ajustes certeiros, incluindo melhorar os hábitos alimentares, praticar exercícios físicos com regularidade e reduzir o consumo de álcool, é possível mudar o cenário.
Moraes diz que padronizar o horário das refeições e até a realização de jejum intermitente são práticas que também podem ajudar. Segundo ele, alimentar-se perto do horário de descanso, especialmente com grandes quantidades de açúcar e gordura, dificulta a digestão e o metabolismo, facilitando o acúmulo de gordura no fígado.
“O jejum intermitente tem benefícios comprovados na redução da gordura hepática. Isso acontece porque, ao passar períodos longos sem se alimentar — especialmente quando a pessoa para de comer mais cedo à noite —, há menos tempo disponível para acumular gordura”, afirma o hepatologista.




