A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve acelerar, nos próximos meses, a análise de pelo menos 17 canetas emagrecedoras que trazem como princípio ativo a liraglutida (o mesmo do Saxenda) e a semaglutida (o mesmo do Ozempic e Wegovy).
Esses medicamentos estão em um período de transição que permitirá a fabricação de genéricos por várias farmacêuticas. A liraglutida perdeu a patente em setembro deste ano e a semaglutida deve ter a exclusividade de fabricação da Novo Nordisk suspensa a partir de março de 2026.
Com isso, novas opções devem chegar ao mercado. Um levantamento da Folha de S. Paulo mostra que ao menos 20 novas canetas emagrecedoras devem ser avaliadas até 2027 graças à uma solicitação do Ministério da Saúde de acelerar essas aprovações.
As novas canetas na lista da Anvisa
Ainda em 2025 a Anvisa deve publicar os pareceres de registro para produtos da EMS, Megalabs e Momenta. O órgão estima respostas para outras 14 canetas em 2026 e para mais três em 2027, totalizando 20.
Entre as fabricantes que estão pleiteando registros estão a Biomm, Cristália, Libbs, Aspen, Aché, Althaia, Farma Vision, Ranbaxy, Cosmed, Brainfarma, Dr. Reddy’s, Sun e Cipla.
A ideia de avaliar prontamente estes produtos é permitir um aumento de produção que poderia viabilizar a incorporação de remédios deste tipo ao Sistema Único de Saúde (SUS), já que os últimos pareceres da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) foram sempre desfavoráveis tendo em vista os altos custos dos medicamentos.
O próprio ministro Alexandre Padilha já publicou vídeos em nas redes sociais segurando embalagens da liraglutida produzida pela EMS e comemorando a chegada dela ao mercado: “mais um produto na área, baixando o preço para a população”, disse.
Os riscos do boom das canetas emagrecedoras
A propaganda direta é proibida para esse tipo de remédio já que ele tem venda controlada e retenção de receita. Entretanto, o uso para fins estéticos está se tornando cada vez mais comum. A endocrinologista Jacy Maria Alves, da MEV Brasil, em São Paulo, fez ressalvas sobre o cenário atual.
“Vivemos a era do imediatismo e com informações potencializadas pelas redes sociais, nem sempre de melhor qualidade, os os pacientes chegam aos consultórios demandando soluções rápidas como se fosse um tratamento milagroso”, disse a especialista.
Além disso, os pacientes muitas vezes começam a tomar os medicamentos por conta própria e os adquirem de formas escusas. “É muito comum que, sem o acompanhamento adequado, quem utiliza as canetas, perca massa magra, enfrente fadiga e encare também problemas de distorção de imagem”, alerta.
A gastroenterologista Yael Albuquerque, do Brasil Private Check-up, de São Paulo, reforça o alerta. A médica afirmou que não se trata de recurso para “perder uns quilinhos”, mas de um tratamento de saúde a longo prazo e que deve ter a procedência verificada sempre.
“Os problemas começam especialmente quando as pessoas compram esses produtos pela internet, no exterior, sem garantia da procedência, ou integridade. Essa é uma medicação que precisa de indicação médica dentro de um plano de tratamento, com acompanhamento médico e mudanças de hábitos. Quando usadas sem orientação, elas aumentam os riscos à saúde e diminuem as chances de sucesso à longo prazo”, conclui.
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