
O que começou como uma investigação sobre homicídios e tráfico de armas terminou por revelar um novo e perigoso ramo de atuação do Comando Vermelho (CV) no Ceará: o comércio ilegal de medicamentos controlados.
Nesta quinta-feira (16/10), a Polícia Civil do Ceará deflagrou a Operação Humanidade Eterna, que cumpriu 70 mandados de busca e apreensão e prisão em diversas cidades do estado. A ação resultou na prisão de 30 integrantes da facção e na apreensão de cerca de 200 caixas de remédios — muitos deles de origem duvidosa e proibidos para venda sem prescrição médica.
As investigações tiveram início em 2024, a partir da análise de celulares apreendidos de criminosos ligados ao Comando Vermelho. Interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, que inicialmente visavam apurar homicídios e tráfico de armas, acabaram revelando um braço do grupo especializado na venda clandestina de medicamentos psicotrópicos e abortivos.
Feiras e farmácias
Segundo a Polícia Civil, os medicamentos eram vendidos em feiras livres de Fortaleza e Caucaia, alcançando também farmácias do interior. Os produtos eram comercializados em feiras e até em alguns estabelecimentos farmacêuticos. Um dos investigados é proprietário de uma farmácia na região de Aquiraz, onde também foram realizadas buscas e apreensões.
Entre os 30 presos, 25 foram detidos em cumprimento a mandados judiciais e cinco já estavam presos por outros crimes, mas tiveram novas ordens de prisão expedidas. A operação mobilizou mais de 200 policiais e teve abrangência estadual, com mandados cumpridos em Fortaleza, Caucaia, Taíba, Icapuí, Aracati, Beberibe e São Gonçalo do Amarante.
Os investigadores estimam que apenas os medicamentos voltados para o tratamento de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), como os à base de metilfenidato, somem cerca de R$ 50 mil em valor de mercado.
Entre os produtos apreendidos estão tarja preta, amoxicilina, ibuprofeno, além de remédios abortivos e psicotrópicos. Também foi encontrada uma quantia em dinheiro em espécie.