São Paulo – Uma denúncia do Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelou que Roberto Franceschetti Filho matou a sua colega Cláudia Regina da Rocha por ela manter um relacionamento com um delegado de polícia aposentado. Ambos lideravam um esquema de desvios de verba na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Bauru, no interior de São Paulo e, segundo os promotores, o homem assassinou a comparsa por temer que ela revelasse os crimes ao novo namorado.
Segundo o órgão, a dupla desviou da instituição — com a ajuda de outros funcionários — mais de R$ 900 mil entre 2019 e 2024.
O desaparecimento, seguido da confirmação da morte de Cláudia, em agosto deste ano, repercutiu na imprensa e atraiu a atenção das autoridades policiais para o esquema de corrupção. A razão do assassinato, contudo, só foi revelada na denúncia apresentada pelo MPSP à Justiça nessa quinta-feira (19/12).
Reprodução/Redes sociais
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Reprodução/TV TEM
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Para a Promotoria , “em abril de 2024, Claudia iniciou relacionamento afetivo com um delegado de polícia aposentado, de sorte que Roberto, temendo que ela revelasse ao novo namorado os desvios praticados, resolveu matá-la para ocultar os crimes”.
Esquema de Corrupção na Apae
Cláudia Regina da Rocha era secretária executiva da Apae de Bauru e Roberto Franceschetti Filho, presidente do órgão. Juntos, segundoo Ministério Público, os dois montaram uma organização criminosa “razoavelmente estruturada e hierarquizada”, com divisão de tarefas, para obter vantagem ilícita.
Ao todo, o esquema envolvia 13 pessoas, incluindo o ex-marido de Cláudia, Pérsio de Jesus Prado Júnior, e a sua filha, Letícia da Rocha Lobo Prado. A mulher teria colocado os parentes na estrutura da associação para manter o funcionamento do esquema de desvio.
Além deles e de Roberto Franceschetti, entraram na lista de denunciados à Justiça os nomes de Renato Golino, Gisele Aparecida de Camargo Tavares, Ellen Siuza da Rocha Lobo, Diamantino Passos Campagnucci Júnior, Maria Lúcia Miranda, Izabel Cristina dos Santos Albuquerque, Gabriel Gomes da Rocha Rodrigues, Fernando Sheridan Rocha Moreira, Felipe Figueiredo Simões Moraes e Renato Tadeu de Campos. Nove dos acusados, incluindo Franceschetti, já estão presos.
A denúncia da Promotoria foi acolhida pela Justiça de São Paulo e o grupo agora é considerado réu por organização criminosa e peculato.
Homicídio de Cláudia Regina
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Reprodução/Polícia Civil
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Cláudia Regina da Rocha Lobo, de 55 anos, desapareceu no dia 6 de agosto deste ano. Segundo investigação policial, ela saiu sozinha da Apae, sem os documentos e o aparelho celular, para resolver questões de trabalho.
Imagens de câmeras de segurança mostraram que, naquele dia, ela entrou em um carro — modelo GM Spin — e se encontrou com Roberto Franceschetti Filho. Os registros mostram que Cláudia dirigia o veículo e passou o volante para Franceschetti, enquanto a secretária foi para para o banco de trás. A mulher nunca mais foi vista.
Posteriormente, a perícia encontrou vestígios de sangue no banco traseiro do veículo onde os dois estavam, além de um estojo de uma pistola calibre 380.
Uma arma foi apreendida em um cofre sem munição na residência de Franceschetti, com três carregadores, uma cartela nova de munições e três projéteis. Um laudo pericial de confronto balístico confirmou que a arma de Roberto disparou a munição deflagrada.
Apesar de apenas vestígios de ossos da mulher terem sido localizados, a Polícia Civil concluiu que Cláudia foi morta e teve e teve seu corpo queimado pelo ex-presidente da Apae na Pousada da Esperança. Roberto Franceschetti Filho foi preso nove dias depois do desaparecimento e responde pelo assassinato da secretária.