Em mais um capítulo do impasse sobre os vetos no projeto de renegociação das dívidas dos estados com a União, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), rebateu na manhã desta quinta-feira (23/1) outra crítica feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No dia anterior, o petista afirmou que “talvez só Jesus Cristo” faria o que o governo fez pelo Brasil.
Entenda a confusão provocada pelo Propag:
- Na semana passada, Lula sancionou o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que estabelece normas para a repactuação das dívidas dos estados, e vetou alguns trechos do texto aprovado pelo Congresso Nacional.
- Os dispositivos vetados, de acordo com o governo federal, poderiam gerar impacto primário nas contas públicas — ou seja, poderiam reduzir as receitas ou aumentar as despesas do governo federal de forma direta.
- Governadores dos estados mais endividados, como Rio Grande do Sul e Minas Gerais, criticaram os vetos.
- Zema acusou o governo federal de querer que os estados “paguem a conta de sua gastança”, em referência a gastos com ministérios, viagens e cartão corporativo.
Em resposta à declaração de Lula, Zema disse que “Jesus Cristo perdoaria todas as dívidas e jamais cobraria juros abusivos de quem ajuda a construir o Brasil”.
A troca de farpas entre os dois começou após a ausência do governador de Minas na cerimônia de assinatura da concessão da BR-381, realizada nessa quarta-feira (22/1), no Palácio do Planalto.
Na rede social X, o governador reforçou que Minas Gerais vai “honrar todas obrigações” com a União. Além disso, afirmou que espera que os deputados derrubem os vetos feitos por Lula ao Propag “para trazer justiça e previsibilidade ao estado”.
Lula alfineta Zema
Em discurso no Planalto, Lula classificou a fala de Zema sobre os vetos ao Propag como “crítica desnecessária”.
“[O governador deveria] trazer um troféu do primeiro presidente da República que ele tem conhecimento que nunca vetou, absolutamente nada, de nenhum governador, de nenhum prefeito, por ser contra ou por ser oposição”, argumentou o presidente durante a cerimônia em Brasília de assinatura da concessão da BR-381. O governador foi convidado para o evento, mas não compareceu.
Para o ministro da Casa Civil, Rui Costa, Zema defende que o governo deveria pagar a dívida que Minas Gerais fez com bancos internacionais. “O que a União tem a ver com a dívida que Minas contraiu com bancos internacionais? Ao invés de agradecer, o governador vai, de forma ingrata, agredir o presidente”, reagiu.