São Paulo — Gilberto Nogueira de Oliveira, conhecido como Tony, de 40 anos, teve o pênis cortado pela esposa Daiane dos Santos Faria, de 34, em dezembro de 2023, após uma traição. O crime aconteceu em Atibaia, no interior de São Paulo, e a mulher foi condenada a 4 anos, 8 meses e 20 dias de prisão.
Depois de alguns meses, Gilberto perdoou e foi perdoado pela esposa. Mesmo com Daiane presa, o casal reatou e passou a se comunicar por cartas de amor. Posteriormente, começaram as visitas, estágio em que a dupla se encontra.
Hoje, Gilberto afirma seguir a vida normalmente, mesmo sem o órgão genital:
“Minha rotina está quase normal. A rotina que eu não estou tendo normal é a parte do sexo, né? Primeiro que eu estou sem a minha companheira; segundo que só não estou tendo essa atividade. Mas festa, trabalho e outras coisas estão normais”, revelou o homem em entrevista ao Metrópoles.
Sobre a ausência da companheira, Gilberto a tem visitado a cada duas semanas e conta que fica muito feliz ao ver o rosto da amada, mesmo que entre os dois exista um vidro.
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
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“A sensação que eu sinto ao visitar ela é de alegria, felicidade. Também posso ver no rosto dela a felicidade. A minha vontade e a dela é de abraçar e beijar, mas não é possível no momento”, lamenta.
Ele contou à reportagem que está planejando uma cirurgia de reconstrução do pênis e que até já recebeu a doação de uma prótese peniana de um cirurgião plástico.
Segundo o homem, a área mutilada possui apenas uma abertura, pela qual ele consegue urinar. “É uma musculatura que, quando eu vou urinar, ela abre e depois fecha normal”. Gilberto contou que o movimento e a aparência que ficou se assemelham com a de um ânus.
Ainda de acordo com ele, a musculatura interna do pênis está intacta, o que lhe faz sentir desejo e prazeres sexuais por meio de masturbação. Sobre sentir dor, Gilberto diz que não costuma ter desconforto, exceto quando está em algum banheiro apertado e precisa ficar sentado para urinar.
Questionado, ele diz não saber como funciona o procedimento de reconstrução e que até chegou a perguntar para o urologista que o atendeu na época da amputação.
No momento, ele não consegue arcar com o custo da cirurgia e, por isso, tenta arrecadar dinheiro com a venda de um livro que escreveu sobre o crime. Gilberto também tem a esperança de que alguma equipe médica tope realizar a cirurgia sem custos.
Pênis novo
Em entrevista ao Metrópoles, o urologista Cesar Camara conta que a cirurgia não é muito comum no Brasil e que costuma ser “um procedimento de alto risco de sucesso”. Apesar disso, o especialista conta que não é um processo perigoso ao paciente.
A reconstrução acontece em duas fases. A primeira é um enxerto, em que o médico deve retirar um pedaço de pele e conexões nervosas do antebraço do paciente, modelar um novo pênis e conectá-lo ao local original do órgão. Nessa conexão, é necessário que se preservem a enervação e os vasos.
É esperado que, de três a quatro meses depois da cirurgia, o homem volte a sentir sensibilidade no órgão. Segundo o médico, costuma demorar pelos menos um ano até o enxerto funcionar efetivamente. O nome oficial da operação é faloplastia.
Apesar de o órgão ser restituído, não será possível que o homem tenha ereções.
“Essa estrutura não vai ter o mecanismo de ereção que o pênis tinha. Então, quando ele ficar excitado, tiver o desejo sexual, ele não vai ter ereção”, explica Cesar Câmera.
Somente em uma segunda fase da operação que a prótese peniana que Gilberto contou ter ganhado de doação de um cirurgião plástico pode ser implantada. Nesta parte do processo existem dois caminhos, variando de acordo com o tipo da prótese.
De acordo com o Câmara, existem os modelos chamados de maleáveis, ou semi-rígidos. Nesse caso, o pênis fica sempre ereto.
“Você consegue dobrar, consegue esconder, mas ele vai ter sempre rigidez para ter na relação sexual, mesmo que você não tenha desejo”, explica.
O outro tipo é chamado de prótese inflável. Esses modelos deixam o pênis flácido quando o paciente desejar. Quando ele tiver um desejo sexual e quiser ter uma ereção, o paciente aciona manualmente um mecanismo hidráulico, que fica escondido entre os dois testículos e assim é provocada uma ereção.
Como foi o crime
O crime aconteceu em Atibaia, interior de São Paulo, em dezembro de 2023. Após Daiane descobrir a traição do marido, ela cortou o pênis dele com uma navalha, jogou o órgão na privada e deu descarga — para que não fosse possível fazer o reimplante.
Apesar do crime, Gilberto disse ter perdoado Daiane.
Com a mulher na prisão, o casal retomou o contato por meio de cartas e acabou reatando. O perdão do marido, inclusive, foi usado pela defesa de Daiane para solicitar sua liberdade provisória, mas o pedido foi negado pela Justiça.