Funcionários chineses de terceirizada da montadora de automóveis BYD negaram que foram escravizados no Brasil. No início desta semana, força-tarefa anunciou que 163 operários foram resgatados de uma obra da BYD em Camaçari (BA), por supostamente estarem em condições análogas a de trabalho escravo.
Na gravação (veja vídeo abaixo), um operário lê uma petição assinada em conjunto com outros trabalhadores e pede ajuda ao governo brasileiro para permanecer no país. O documento fala em “mal-entendido”.
“A causa do problema é que 107 de nossos colegas precisaram da ajuda da Jinjang [uma das empreiteiras contratadas para realizar a obra] para solicitar carteiras de identidade temporárias brasileiras. A empresa coletou e guardou temporariamente nossos passaportes para posterior processamento dos procedimentos relevantes”, leu um dos funcionários.
Veja:
Em vídeo, funcionários chineses de terceirizada da BYD negam que foram escravizados no Brasil.
Na gravação, um operário lê uma petição assinada em conjunto com outros trabalhadores e pede ajuda ao governo brasileiro para permanecer no país.
O documento fala em ‘mal-entendido’ e… pic.twitter.com/P1ifhUiVxs
— Metrópoles (@Metropoles) December 27, 2024
Além de resgatar os operários, a força-tarefa responsável interditou os alojamentos e trechos do canteiro de obras da planta onde a montadora está instalando uma fábrica no município de Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA).
Os trabalhadores resgatados, conforme divulgou o Ministério Público do Trabalho (MPT), dormiam em camas sem colchões e havia um banheiro para cada 31 pessoas. As vítimas foram contratadas pela empresa terceirizada Jinjang, prestadora de serviços para a BYD.
Força-tarefa
A força-tarefa responsável pelas inspeções e pelos desdobramentos dessa ação é composta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), pela Defensoria Pública da União (DPU) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e da Polícia Federal (PF).
Segundo o MPT, além das condições degradantes, a situação caracteriza trabalho forçado. Reforçam a tese a constatação de que os trabalhadores eram obrigados a pagar caução, tinham 60% de seus salários retidos (recebendo apenas 40% em moeda chinesa), enfrentavam ônus excessivo para rescisão contratual e tinham seus passaportes retidos pela empresa.
Após a fiscalização, a BYD afirmou que não “tolera desrespeito à lei brasileira e à dignidade humana”, determinou que os trabalhadores fossem transferidos para hotéis da região e rompeu o contrato com a empresa terceirizada responsável pela contratação dos operários.