Tarifas e guerras comerciais: o que muda para o Brasil com Trump?


Com os primeiros dias do segundo governo Donald Trump nos Estados Unidos, as preocupações com as reverberações para a economia brasileira se intensificaram. Trump ainda não anunciou de forma clara sua política de tarifação, depois de ter dito, durante a campanha de 2024, que considerava tarifa “a palavra mais bonita do dicionário”.

Na prática, até agora, Trump se limitou a orientar as agências federais a examinarem com lupa os déficits comerciais dos EUA e as práticas comerciais adotadas por outros países, que supostamente prejudicariam os interesses americanos. Mas não houve nenhum anúncio oficial sobre novas tarifas.

A Trumponomics, como vem sendo chamada a nova política econômica dos EUA sob a nova gestão Trump, está muito focada nesse “tarifaço” de produtos estrangeiros, a fim de proteger a indústria e os produtores americanos.

A reação do mercado financeiro aos primeiros anúncios e medidas adotadas pelo republicano foi relativamente positiva. O movimento de queda global do dólar foi impulsionado pela percepção de que Trump não deve definir as novas tarifas tão rapidamente quanto parte do mercado esperava. O dólar acabou tendo um recuo e fechou os últimos dias abaixo dos R$ 6.

Trump já deu sinais de que deverá aprofundar a guerra comercial com a China. E uma possível intensificação das tensões comerciais entre EUA e o país asiático pode criar instabilidade nos mercados globais, impactando o Brasil.

  • Com viés ainda mais protecionista, a política econômica do segundo governo Trump foi apelidada de Trumponomics. Há foco no “tarifaço” de produtos estrangeiros.
  • Aprofundamento da guerra comercial entre EUA e China deve refletir nos mercados globais, mas Brasil pode ter oportunidades.
  • Durante o primeiro mandato de Trump (2017-2020), medidas protecionistas contra a China levaram o país asiático a intensificar suas importações da soja brasileira.

Em discurso no Fórum Econômico Mundial de Davos, na quinta-feira (23/1), Trump defendeu o uso de combustíveis fósseis por seu país para impulsionar a economia e disse que vai exigir o corte das taxas de juros, que já ameaçam voltar a subir. O Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed), é independente.

“Os Estados Unidos têm a maior reserva de petróleo e gás do planeta. E vamos usá-la”, disse o americano.

Trump promete reduzir impostos: “Venha fazer seu produto na América”

O presidente também disse que irá pressionar a Arábia Saudita e o cartel de petróleo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) “para reduzir o custo do petróleo”, o que provavelmente exigiria um acordo entre os países-membros para aumentar sua produção.

Tarifas à China e oportunidades para o Brasil

Donald Trump prometeu implementar tarifas de 10% sobre produtos chineses, com o intuito de desacelerar o crescimento econômico chinês e fortalecer a indústria americana.

Pela regra da reciprocidade, a China deverá reduzir as importações de produtos americanos, abrindo espaço para fornecedores alternativos de produtos de que Pequim é altamente dependente, como soja, milho e proteínas animais. A vantagem é que o Brasil é bastante competitivo nesses setores.

Especialistas explicam que uma possível desaceleração no crescimento econômico chinês pode reduzir a demanda por commodities, pressionando os preços globais e afetando nossa balança comercial.

“Por outro lado, esse cenário também pode abrir oportunidades para o Brasil, caso a China busque diversificar seus fornecedores em resposta às sanções. O Brasil precisa estar preparado para agir com rapidez e estratégia, aproveitando eventuais brechas no mercado global enquanto trabalha para diversificar sua base de parceiros comerciais, reduzindo a dependência de grandes economias como a chinesa”, avalia André Matos, CEO da MA7 Negócios.

Nesse cenário de relações entre Washington e Pequim abaladas, o agronegócio brasileiro desponta com a projeção de uma safra recorde de 322,3 milhões de toneladas para 2024/2025, se mostrando bem posicionado para atender a uma possível demanda crescente da China por commodities agrícolas.

Já na relação com os americanos, os principais produtos que o Brasil exporta para os EUA são manufaturados — como automóveis, eletrodomésticos, móveis e roupas. Como o país é grande produtor de commodities agrícolas e minerais e um importador de tecnologia, os efeitos da política econômica trumpista deverão ter um saldo positivo.

Contexto geral

Nessa tentativa de estabelecer uma “nova ordem mundial”, a Trumponomics pressiona a inflação e coloca o Fed em posição de possivelmente encerrar o ciclo de afrouxamento monetário, ou quem sabe voltar a subir a taxa de juros.

“O contexto mundial, portanto, é inflacionário, de valorização do dólar (e depreciação do real) e de maior competição pelos capitais externos”, explica Hudson Bessa, professor de mercado financeiro na Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI).

O Brasil está entre a 9ª e a 10ª economia do mundo, representamos cerca de 2% do PIB global, mas participa de somente 1% do comércio mundial. “Os números indicam que há espaço tanto para crescimento quanto para diversificação, posto ao longo das duas últimas décadas perdemos participação na exportação de manufaturados”, prossegue o professor.

Também há apostas na diplomacia para até mesmo aproveitar algumas oportunidades dessa guerra comercial. Historicamente, o Itamaraty é visto como hábil no diálogo com diferentes países e chefes de Estado. Além disso, o Brasil precisa estar preparado para atender à demanda internacional e fortalecer sua posição como “celeiro do mundo”.



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