Depois que o almoço fica pronto, é comum que a comida passe horas sobre o fogão enquanto esperamos a temperatura dos alimentos baixar — ou mesmo por preguiça de guardar tudo em seus devidos recipientes imediatamente. Mas você sabe quais são os riscos dessa prática para a saúde?
De acordo com nutricionistas, deixar os alimentos fora da refrigeração adequada por muito tempo pode aumentar o risco de contaminação, e os danos podem ser graves. “Pode ter o crescimento de bactérias, a proliferação de fungos e toxinas. Esses microrganismos fazem mal à saúde, podendo causar intoxicação alimentar”, alerta a nutricionista Camila Pedrosa, que atua em Brasília.
Ela ressalta que o tempo que os alimentos podem ficar fora da geladeira depende de alguns fatores, como: se o alimento estava refrigerado antes; se foi reaquecido; ou se foi preparado recentemente.
“De modo geral, os alimentos perecíveis, como carnes cruas ou preparadas, laticínios, pratos prontos, arroz, feijão, macarrão, legumes e verduras, devem ficar no máximo duas horas fora da geladeira. O ideal seria até uma hora e meia, porque quando a comida começa a perder temperatura e ficar morna, ela se torna um ambiente ideal para o crescimento bacteriano e a proliferação de fungos”, explica a especialista.
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O nutricionista Gabriel Moliterne, do Hospital Albert Sabin de São Paulo, também aponta que a temperatura ambiente é um fator crucial para o crescimento das bactérias. Bactérias patogênicas — como Salmonella, Escherichia coli, Listeria monocytogenes e Campylobacter — se multiplicam rapidamente em temperaturas entre 5°C e 60°C.
“O consumo desses alimentos pode levar a infecções bacterianas, com sintomas como diarreia, vômitos e dor abdominal. Esses desconfortos podem aparecer de 30 minutos a quatro dias após o consumo”, diz Moliterne.
Recomendações da Anvisa
- No supermercado, verifique se os produtos estão dentro da validade e se são armazenados nas condições adequadas.
- Em casa, guarde os produtos conforme as orientações do fabricante, presentes no rótulo.
- Lave as mãos antes de iniciar o preparo dos alimentos para evitar contaminação.
- Evite o contato de alimentos crus com alimentos cozidos. Lave os utensílios usados no preparo de alimentos crus antes de utilizá-los nos cozidos.
- Certifique-se de que os alimentos sejam cozidos em temperatura suficientemente alta para matar os microrganismos mais nocivos.
- Mantenha os alimentos quentes acima de 60ºC e os alimentos frios abaixo de 5ºC até o momento de servir.
Posso reaquecer a comida?
Quando o assunto é reaquecimento, a nutricionista Camila Pedrosa alerta que, se o alimento ficou por muito tempo em temperatura ambiente, a melhor opção é descartá-lo.
“O mais seguro é não tentar reaproveitá-lo, pois a proliferação de bactérias resistentes pode causar infecções graves. As toxinas presentes em alguns alimentos não são destruídas pelo calor ou congelamento, o que pode agravar a situação”, conta.
Quais alimentos estragam mais rápido?
Os alimentos mais sensíveis à temperatura ambiente são os perecíveis, como carnes cruas ou cozidas, laticínios, ovos e pratos preparados com ovos crus. “Esses têm maior tendência a se deteriorar rapidamente. A mudança de temperatura, seja para cima ou para baixo, acelera esse processo”, observa Camila.
Embora seja difícil identificar com precisão se um alimento está contaminado, alguns sinais são visíveis, como a perda de cor e brilho de carnes e peixes, que começam a ficar opacos e viscosos.
“Mas atenção! Muitas vezes a contaminação pode ter ocorrido antes que esses sinais apareçam”, alerta Camila. Por isso, o armazenamento correto e a refrigeração ou aquecimento adequado dos alimentos são fundamentais para prevenir infecções.
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