O empresário Kaze Fuziyama (foto em destaque), que se apresenta como o bilionário do ramo de criptomoedas mais jovem do Brasil, virou alvo recentemente da Polícia Federal (PF) na Operação Fortuito 2.
Uma mansão ligada a ele foi apreendida pela PF e são investigados indícios de que os bens apreendidos no Brasil têm origem em fraudes aplicadas pelo grupo em vários países.
Além disso, são apurados recebimentos de cerca de US$ 50 milhões de pirâmides financeiras estruturadas no exterior e com aportes típicos de contratos de investimentos. Entre os casos, estão o da One Thor e D9 Club.
Apesar de ser investigado por crimes financeiros, anos antes, o empresário criticou durante uma entrevista o que chamou de “pessoas malandras que usam o bitcoin [tipo de criptomoeda] para facilitar a pirâmide financeira”.
“Ou seja, antigamente as pirâmides caíam tão rápido, e as pessoas iam presas porque usavam dinheiro e depósito bancário, e no bitcoin isso se torna mais fácil. Então muita gente maliciosa usa o bitcoin de forma equivocada”, afirmou em vídeo publicado em 2020 no canal “A era digital crypto”.
No vídeo, o empresário mostra o interior de sua empresa de mineração de criptomoedas “Mining Express”, na Ucrânia, e conta a história de como saiu de uma realidade pouco abastada para o cenário da época, em que se dizia bilionário.
De mãe brasileira e pai japonês, Fuziyama diz ter se mudado para o Japão aos 6 anos de idade, onde aprendeu a língua paterna. Aos 12 anos, começou a trabalhar fazendo concreto ganhando cerca de US$ 12 por hora.
De acordo com o depoimento, mudou-se para Suzuka, onde trabalhou na Honda por 14 anos. Kaze gosta de enfatizar que, apesar de ser bilionário atualmente, quando mais jovem não tinha dinheiro nem para comprar um refrigerante.
Entenda a operação da PF
- Em 29 de janeiro, a PF deflagrou a operação Fortuito 2 para combater uma organização criminosa que atua com crimes financeiros
- Foram cumpridos pelos agentes 8 mandados de busca e apreensão no RJ, MG e SP
- A Justiça determinou o bloqueio de R$ 300 milhões em bens
- Dentre os itens sequestrados, está uma mansão avaliada em mais de R$ 100 milhões
- Os investigados podem responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, gestão fraudulenta, entre outros
- Se somadas, as penas máximas superam os 50 anos de reclusão
De divulgador a empresário
Antes de abrir sua própria empresa, Kaze Fuziyama atuou na divulgação da D9 Club, sob suspeita de ser uma pirâmide financeira.
Apesar de negar o envolvimento com a empresa, Fuziyama aparece recebendo um cheque de US$ 22 mil em um vídeo publicado pelo Canal do Bitcoin há 8 anos, intitulado de “Lançamento Oficial D9 Clube de Empreendedores”.
O valor seria uma recompensa por seu desempenho na empresa. A D9 Clube foi criada por Danilo Santana. Tanto ele quanto sua esposa, Kelliane Santana, foram acusados de ocultação de bens e associação criminosa.
Segundo denúncia do Ministério Público da Bahia (MPBA), a D9 funcionava estritamente como uma pirâmide financeira, incentivando as vítimas a se associarem e investirem valores com a promessa de rendimentos de 33% ao mês.
Em entrevista de 2020 ao canal “A era digital crypto”, Kaze diz que, apesar de já ter adquirido muito dinheiro, queria um padrão de vida ainda mais alto. “O que estava dando dinheiro no momento era a mineração”, afirma.
“Chegou um momento que estava com bastante dinheiro na mao e nao sabia o que fazer, quando comecei a pesquisar se existia alguma mercado real, que daria pra ganhar um dinheiro sossegado, sem ter dor de cabeça eu encontrei a mineração”, disse.
No vídeo, ele diz que, apesar de já ter adquirido muito dinheiro, queria um padrão de vida ainda mais alto. Para tanto, decidiu montar um negócio próprio. “O que estava dando dinheiro no momento era a mineração”, afirma.