São Paulo — Dois dias antes de cair em Gramado deixando 10 mortos e 17 feridos, o avião de modelo Piper Cheyenne fez uma manobra de risco ao pousar no Aeroporto de Canela, no Rio Grande do Sul às 9h dessa sexta-feira (20/12).
Imagens de segurança do local mostram a aeronave “quicando” ao encostar na pista de pouso. Naquele dia, segundo explicado por um operador de voo que trabalha no aeroporto, as condições meteorológicas estavam abaixo do mínimo recomendado para a manobra. Veja vídeo:
“O que a gente vê nas imagens é ele buscando condições visuais para realizar o pouso, é ele buscando a pista. No fim, ele faz uma manobra invasiva, sem ter a visibilidade necessária. Para poder fazer uma operação dessas em um aeroporto que opera em condições visuais, como é o nosso caso aqui, você precisa de pelo menos 1 mil pés de altitude, o que fica em torno de 300 e poucos metros. Pelas imagens, ele parece estar operando na metade disso”, analisou o operador, que preferiu não ser identificado.
A aeronave era operada por Luiz Claudio Salgueiro Galeazzi, empresário dono do avião que também estava pilotando no dia da queda.
Natural de São Paulo, Luiz viajou a Gramado com a família, que aparece posando para uma foto em frente à aeronave no início do vídeo do dia 20. Ele, a esposa, três filhas e as outros cinco familiares que estavam no avião morreram no acidente.
Pouso de risco na sexta
Para o operador que trabalha no aeroporto de Canela, as imagens mostram que o piloto fez um pouso sem as condições meteorológicas adequadas.
Por isso, a aeronave precisou fazer uma curva para procurar a pista e acabou fazendo uma manobra um pouco inclinada para encaixar no eixo da pista. É um movimento de risco, que fez com que o avião “ciscasse” ao tocar no chão.
Apesar do risco, o operador explica que essa é uma prática comum entre os aviões de pequeno porte que usam o aeroporto. Segundo ele, os pilotos de aeronaves privadas aproveitam a pouca fiscalização para voar, muitas vezes, em condições meteorológicas fora do ideal na região.
No domingo pela manhã (22/12), quando o avião caiu, as condições meteorológicas eram similares às observadas na sexta-feira. Imagens registraram um dia chuvoso, com o céu encoberto por nuvens densas e carregadas.
Queda no domingo
Crédito: Maurício Tonetto/Secom RS
Crédito: Maurício Tonetto/Secom RS
Crédito: Maurício Tonetto/Secom RS
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Maurício Tonetto/Secom RS
O avião de modelo Piper Cheyenne decolou do Aeroporto de Canela às 9h do domingo com destino a Jundiaí, no interior de São Paulo. Minutos depois, ele caiu em Gramado, no estado do Rio Grande do Sul.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública do Rio Grande do Sul, a aeronave colidiu na chaminé de um prédio, depois no segundo andar de uma residência e, então, caiu sobre uma loja de móveis.
Na atualização desta tarde, o governador gaúcho informou que, além dos passageiros mortos, 17 pessoas ficaram feridas. Do total, cinco foram liberadas, 12 permanecem no hospital, sendo duas em estado mais grave por causa de queimaduras.
Uma das vítimas foi transferida para Porto Alegre (RS). A outra vítima grave também deve ser transferida para a capital do estado. As duas vítimas mais graves são mulheres na faixa de 50 anos.