Há quase cinco anos lutando na Justiça para ser indenizada após sofrer mutilações durante um procedimento de lipoaspiração, conhecido como Lipo HD (“High Definition”) ou Lipo LAD – Lipoaspiração de Alta Definição, na barriga e nas costas, a empresária Sayara Karyta de Sousa Rego, 30 anos, saiu vitoriosa e foi indenizada em R$ 107 mil. O profissional condenado é o cirurgião-plástico Wilian Pires (foto em destaque), 37 anos, conhecido como o “médico das estrelas”.
Em sua decisão, a desembargadora Vera Andrighi ressaltou ter havido “uma modificação para pior” no corpo da vítima. “Um resultado não esperado, muito menos querido, em se tratando de procedimento estético, relembrando que a autora não foi informada da possibilidade de tais riscos”, destacou.
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Vídeo gravado recentemente pela empresária durante uma consulta com outro médico revela a série de cicatrizes deixadas pelo erro cometido por Wilian Pires. Ele manipulou de forma equivocada as cânulas usadas na lipoaspiração. O procedimento ocorreu em setembro de 2020 e, desde então, a vítima tenta se recuperar do trauma e das marcas que ficaram marcadas na pele.
Outro médico avalia cicatrizes após erro de Wilian Pires:
O caso
Após desembolsar R$ 15 mil, a empresária passou pelo procedimento conduzido por Wilian Pires, em Goiânia. No entanto, já nos primeiros dias após a cirurgia, Sayara estranhou as feridas que surgiram pelo corpo, e suspeitou que não eram hematomas comuns de uma lipoaspiração.
Ao procurar o médico, ele teria afirmado à paciente que, apesar de raras, realmente poderiam ocorrer complicações pós-cirurgia, como necrose e queimaduras, mas que nenhuma paciente que ele havia operado até aquele momento havia apresentado lesões semelhantes às da brasiliense.
Em 12 de setembro de 2020, a empresária procurou a emergência de um hospital particular, com suspeita de trombose. Exames médicos confirmaram o diagnóstico e ela precisou ser internada. Como não tinha plano de saúde nem recursos financeiros para arcar com as despesas da internação, a empresária pediu a ajuda ao médico para transferi-la para um hospital público. Contudo, no dia seguinte, após ser medicada e apresentar melhora do quadro, teve alta médica, antes mesmo da transferência ocorrer.
Veja imagens de viagens postadas pelo médico nas redes sociais:
Reprodução/Instagram
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Navio fantasma
Em 2020, Wilian Pires se tornou alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos no âmbito da Operação Navio Fantasma, desencadeada pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF) da PCDF.
O médico, segundo as investigações, forjou o incêndio que destruiu um barco de luxo de 50 pés. A lancha foi incendiada em 11 de dezembro de 2019, por volta das 20h, às margens do Lago Corumbá, em Caldas Novas (GO).
O cirurgião teria assinado o seguro do barco e se intitulou dono do bem. Em seguida, com ajuda de comparsas, simulou o incêndio para receber o dinheiro do seguro. Os valores chegariam a quase R$ 800 mil.
Os investigadores da DRF foram ao apartamento do médico, na 403 Norte, em Brasília, mas não o encontraram. À época, ele estaria em Goiânia, onde atendia pacientes interessados em passar por procedimentos estéticos.
O outro lado
Procurada pela coluna, a assessoria do médico enviou nota reforçando o pagamento da indenização no valor de R$ 107 mil. “Wilian Pires, em nenhum momento, deixou de cumprir com responsabilidade no caso da paciente. O cirurgião-plástico acatou a decisão judicial quitando a indenização que lhe foi imposta. O médico segue trabalhando normalmente cumprindo todos os procedimentos padrões e éticos com segurança para evitar que casos isolados como esse se repitam”, finalizou a nota.