O pastor Silas Malafaia saiu em defesa de Bolsonaro após o ex-presidente apoiar as eleições de Hugo Motta (Republicanos) e Davi Alcolumbre (União Brasil) para as presidências da Câmara e do Senado. Nas redes, grupos mais ideológicos de direita atacaram Bolsonaro por endossar a candidatura de parlamentares também apoiados pelo governo Lula.
Para Malafaia, que já fez críticas a Bolsonaro por movimentações passadas, o ex-presidente agiu corretamente: “Foi a primeira vez que ele foi pragmático. É a primeira vez que Bolsonaro faz política como político. Agora, tem garoto na direita que parece buscar o suicídio político. O [partido] Novo só teve protagonismo com cargos em comissões importantes, nos últimos anos, porque o PL [sigla de Bolsonaro] abriu espaço para eles”.
Malafaia criticou a candidatura de Marcel Van Hattem (Novo), que não seguiu a orientação de Bolsonaro e lançou seu próprio nome à presidência da Câmara: “Não gosto de radicalismos de nenhum lado. Nem de direita nem de esquerda. Não saber ser político dificulta, inclusive, a discussão sobre a anistia aos manifestantes do 8 de Janeiro”, opinou o pastor.
Malafaia, contudo, ressaltou ter divergências com Davi Alcolumbre, novo chefe do Senado: “Não quero nem conversa com o Alcolumbre. O que ele fez com o André Mendonça no Senado, dificultando a indicação dele ao STF, não se faz. Mas Bolsonaro deu apoio a ele pensando no futuro”.
A aliança com Hugo Motta e Davi Alcolumbre fez com que o PL assumisse a 1ª vice-presidência tanto na Câmara quanto no Senado. O partido de Bolsonaro indicou o deputado Altineu Côrtes e o senador Eduardo Gomes para as funções.
Pragmatismo x ideologia
As eleições no Congresso Nacional evidenciaram o racha na direita entre uma ala considerada pragmática e outra mais ideológica. De um lado, apoiadores de Bolsonaro como Eduardo Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, Fabio Wajngarten e Mario Frias defenderam que a melhor forma de se fortalecer para 2026 seria reforçar a atuação do PL na Câmara e no Senado, passando pelos apoios a Motta e Alcolumbre.
Do outro lado, conservadores como Ricardo Salles e Van Hattem, do Novo, afirmaram que não poderiam compactuar com indicações vindas do Centrão e abraçadas por Lula. O grupo de Bolsonaro acusa esses parlamentares de tentar “jogar para a torcida com objetivos eleitorais”.
Em uma publicação, o ex-ministro Ricardo Salles deu uma estocada em bolsonaristas: “Esses votos [de Van Hattem] efetivamente representam os valores da direita liberal conservadora. Votos que realmente se baseiam em princípios e valores sólidos”.