O maior iceberg do mundo, o A23a, está em movimento e pode se chocar com uma ilha do sul do Atlântico, a Geórgia do Sul. O território, próxima das Malvinas, é o lar de milhões de pinguins e focas que podem ter o estilo de vida ameaçado com a chegada do bloco de gelo.
O iceberg tem o dobro do tamanho da região metropolitana de Londres e pesa um trilhão de toneladas, o equivalente a quatro milhões de guindastes empilhados.
Nas últimas três décadas ele esteve preso no Mar de Weddell por consequência das correntes marinhas que o colocaram para girar. Desde novembro de 2023, porém, o gelo conseguiu escapar e começou a avançar em direção à ilha remota.
A Geórgia do Sul abriga colônias de pinguins-rei, focas e espécies marinhas raras. Caso o iceberg se aproxime da ilha, pode bloquear rotas de alimentação essenciais para esses animais, alterando o ecossistema local.
Em 2004, um evento semelhante com o iceberg A38b (que era cinco vezes menor que o A23a) causou uma temporada de devastação, impedindo a chegada de peixes e interrompendo cadeias alimentares de pinguins e focas.
A trajetória do gigante de gelo
O A23a se desprendeu da plataforma de gelo Filchner-Ronne em 1986, mas permaneceu estacionário por décadas, ancorado no fundo do mar. Em 2020, começou a se mover lentamente, soltando-se completamente em novembro de 2023.
No ano passado, ficou preso em um vórtice oceânico conhecido como Coluna de Taylor, causado por montanhas submarinas. Em dezembro, o iceberg retomou sua jornada, impulsionado por correntes marítimas.
Sinal das mudanças climáticas
Para o ativista ambiental Brian Matthews, que vive na Geórgia do Sul monitorando a vida selvagem, a movimentação do A23a é mais um sinal das mudanças climáticas
“O derretimento de geleiras e o aquecimento dos oceanos estão alterando ecossistemas e colocando espécies vulneráveis em risco. Precisamos proteger o planeta”, diz ele em um post no Facebbok.
O impacto do iceberg
Segundo a biogeoquíma Laura Taylor, do British Antarctic Survey, o iceberg pode levar décadas para derreter completamente, mudando completamente os nutrientes disponíveis na ilha, caso se atraque de fato nela.
“O derretimento de icebergs pode liberar nutrientes e ferro nas águas, alterando os ciclos químicos. Ainda não sabemos quais são os nutrientes que o A23a carrega em si e como ele pode impactar o carbono no oceano e o equilíbrio no meio-ambiente”, explica Laura no portal do British Antarctic Survey.
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