Líder brasileiro no Brics destaca prioridades no bloco e desmistifica criação de nova moeda


As prioridades da presidência brasileira no Brics terão com foco em saúde, clima, comércio, inteligência artificial e fortalecimento institucional. A informação é do embaixador Maurício Lyrio, sherpa do Brics pelo Brasil. Ele também desmentiu, em entrevista coletiva nesta sexta-feira  (21/2), rumores sobre a criação de uma moeda comum, reforçando que o objetivo é reduzir custos e ampliar a cooperação entre os países membros.

O encontro com jornalistas antecede a Reunião de Sherpas do Brics que ocorrerá nos dias 25 e 26 de fevereiro, em Brasília, considerada um momento crucial para alinhar as prioridades e traçar o caminho até a Cúpula de Líderes, prevista para 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro. No dia 26 há previsão de participação do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

O grupo, composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul e, recentemente, mais seis novos países membros admitidos em 2024-25 – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã – reúne 48,5% da população mundial e ocupa 35,6% do território global. Economicamente, o Brics responde por cerca de 40% do PIB mundial em paridade de poder de compra e por 28% a 29% do PIB nominal. Além disso, o grupo é responsável por mais da metade do crescimento da economia global, com taxas médias de crescimento entre 3% e 5%, superando a média global de 2,5% a 3%.

Maurício Lyrio ressaltou que o Brics não só beneficia os países em desenvolvimento, mas também contribui para a economia global como um todo, incluindo os países ricos. Ele destacou ainda a relevância do grupo para o comércio brasileiro, que representa 35% do total, com um fluxo comercial de US$ 210 bilhões em 2023, sendo US$ 121 bilhões em exportações e US$ 88,8 bilhões em importações. O saldo comercial favorável do Brasil com o Brics foi de US$ 33 bilhões, quase metade do saldo comercial total do país, informou.

Prioridades da presidência brasileira

O sherpa detalhou as cinco prioridades estabelecidas pelo Brasil para sua presidência no Brics em 2025:

1 – Cooperação em saúde: O Brasil pretende fortalecer a cooperação em áreas como pesquisa e desenvolvimento de vacinas, com foco em doenças tropicais negligenciadas e doenças socialmente determinadas, que afetam principalmente países em desenvolvimento. O Centro de Pesquisa de Combate à Tuberculose do Brics será um dos pilares dessa iniciativa.

2 – Mudança do clima e financiamento: O Brasil buscará reforçar a coordenação entre os países do Brics para pressionar por mais recursos no combate à mudança do clima, especialmente diante dos resultados modestos da COP29, conferência do clima da ONU realizada em Baku, Azerbaijão. A ideia é que o grupo leve uma posição conjunta para a COP30, que será realizada em Belém do Pará, no Brasil.

3 – Comércio, investimento e finanças: Um tema de grande importância é o reforço das relações comerciais, de investimentos e de finanças entre os países do Brics. O foco será reduzir os custos das operações comerciais e financeiras entre os países do grupo, com ênfase no uso de moedas locais. Também vamos dar continuidade a uma parceria que já está em andamento: a Parceria Brics para a Nova Revolução Industrial (PartNIR), cujo objetivo é a diversificação e a atualização tecnológica da base industrial dos países do agrupamento.

4 – Governança de inteligência artificial: O Brasil defende a criação de um arcabouço global para a governança da inteligência artificial, com a ONU no centro das discussões. O objetivo é garantir que o desenvolvimento tecnológico seja inclusivo e beneficie todos os países, além de lidar com desafios como desinformação e impactos no emprego.

5 – Fortalecimento institucional do Brics: Com a recente ampliação do grupo para 11 membros e a criação de uma categoria de parceiros, o Brasil busca consolidar a estrutura institucional do Brics, incluindo a revisão dos termos de referência e a definição de regras para a presidência rotativa.

Desmistificando a moeda do Brics

Um dos pontos de destaque da coletiva foi a discussão sobre a possível criação de uma moeda comum do Brics. O sherpa Mauricio Lyrio foi enfático ao afirmar que o tema não está em discussão no momento. “Moeda do Brics não é um tema que está sendo discutido”, declarou. Ele explicou que o foco atual está em reduzir os custos das operações comerciais e financeiras entre os países membros, com o uso de moedas locais, uma prática que já é comum em transações bilaterais.

Lyrio destacou que iniciativas como o sistema de pagamentos transfronteiriços e mecanismos entre bancos centrais já estão em funcionamento e são prioridades para o grupo. “O que está sendo discutido são formas de reduzir os custos de operações comerciais e financeiras entre os países do Brics”, afirmou, descartando qualquer avanço imediato em direção a uma moeda única.

Outro tema central abordado pelo embaixador e sherpa foi a questão do financiamento para o combate à mudança do clima. Lyrio citou que os resultados da COP 29 em Baku não atenderam às expectativas dos países em desenvolvimento. Ele lembrou que o acordo de Paris previa um financiamento de US$ 100 bilhões por ano para ajudar os países em desenvolvimento na transição energética, mas que esse valor nunca foi integralmente cumprido. “Até 2023, nenhum ano atingiu esse compromisso”, observou.

O embaixador destacou ainda que as necessidades atuais para o combate à mudança do clima são da ordem de US$ 1,3 trilhão por ano, muito acima dos valores discutidos em Baku. Por isso, segundo ele, o Brasil buscará coordenar uma posição conjunta entre os países do Brics para pressionar por mais recursos na próxima COP, em Belém.

Fortalecimento institucional e novos membros

Com a recente ampliação do Brics, que passou de cinco para 11 membros, Lyrio destacou a importância de consolidar a estrutura institucional do grupo. Ele explicou que a entrada de novos membros traz desafios, como a definição da ordem de presidência rotativa e a revisão dos termos de referência. “Há desafios do ponto de vista institucional que têm que ser resolvidos”, afirmou.

O embaixador também mencionou a necessidade de integrar os novos membros aos mecanismos financeiros existentes, como o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) e o Acordo Contingente de Reservas. No entanto, ele ressaltou que a participação no NDB segue uma lógica própria, baseada no capital e nos votos de cada país, e não está diretamente ligada à adesão ao Brics.

Ao concluir a coletiva, Mauricio Lyrio reforçou que o Brasil tem uma agenda ambiciosa para sua presidência no Brics, e que o grupo está concentrado em iniciativas práticas para reduzir custos e aumentar a eficiência nas transações comerciais e financeiras. E reiterou que, com a ampliação do Brics e os desafios globais em áreas como clima e tecnologia, o grupo se consolida como um ator cada vez mais relevante no cenário internacional, com o Brasil desempenhando um papel central nesse processo.

Viste a página oficial do Brics Brasil 2025



Source link

jornalismodigitaldf.com.br

Writer & Blogger

Related Posts:

  • All Post
  • Administrações
  • Cidades
  • DALVAN
  • DEPUTADA JACKELINE
  • DEPUTADO DISTRITAL EDUARDO PEDROSA
  • DEPUTADO DISTRITAL RICARDO VALE
  • DEPUTADO PEPA
  • Deputado Roberio Negreiros
  • ECONONIA
  • EDUCAÇÃO
  • Educação
  • Entretenimento
  • ESPORTES
  • Famosos
  • Governo Federal
  • GUSTAVO AIRES
  • Iolando
  • Jaqueline
  • Meio Ambiente
  • Mundo
  • Notícias
  • Noticias DF
  • Política
  • Rafael Prudente
  • SAÚDE
  • SAUDE
  • Segurança
  • Segurança Pública
  • SLU
  • Turismo

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Edit Template
Suppose warrant general natural. Delightful met sufficient projection.
Decisively everything principles if preference do impression of.