São Paulo — Moradores menos afetados pelas enchentes no Jardim Pantanal, na zona leste de São Paulo, se mobilizam para ajudar vizinhos ilhados com água, comida, colchões, entre outros itens, nesta segunda-feira (3/2).
O Metrópoles conversou com alguns habitantes da região, entre eles, o marceneiro Fabrício Oliveira Alves, de 44 anos. Ele, junto com outros vizinhos, passou pelas ruas alagadas carregando um barco cheio de pacotes, contendo garrafas de água destinadas aos moradores que estão ilhados e sem condições de se manter.
“Até agora, o poder público não apareceu para fazer nada aqui. Então, temos que arregaçar as camisas com o pouco que a gente tem para ajudar. É o simples.”
Fabrício ainda conta que as maiores necessidades dos moradores no local são água e comida.
William Cardoso/ Metrópoles
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Ellen Vieira de Souza Fonseca é outra moradora que participa do mutirão de ajuda humanitária. Ela, que faz parte de uma espécie de ponto de apoio no Jardim Pantanal, pede doações de materiais de higiene, alimentos, marmitas prontas e rações para animais, entre outros: “a gente precisa de tudo, na verdade”.
Ao Metrópoles, ela relata que o centro está recebendo doações da comunidade e distribuindo para os mais afetados:
“A galera dos barcos está levando [mantimentos] lá para onde não tem como ninguém sair para pegar comida. Estamos levando para essas casas.”
Mesmo não morando na área mais afetada e não tendo a casa alagada, Ellen mobiliza para ajudar e conta que existem pessoas acamadas, estão deitadas “no mesmo nível” da água e que, por isso, não conseguem sair para conseguir água e alimentos: “é uma ação de amigos”.
Tatiana Eloisa de Jesus, de 39 anos, é uma das testemunhas dessa mobilização. Segundo a moradora, a própria comunidade se uniu:
“Estão dando marmita, água, almoço e janta. Agora há pouco, veio um caminhão para distribuir colchão e uns produtos de higiene. São itens que estamos precisando.”
A mulher diz que a região também foi afetada pelas fortes chuvas no ano passado e que os governantes não “arrumaram” o problema. A crítica vem acompanhada de um apelo para que as autoridades liberem a barragem da Penha para diminuir o acúmulo de água do local.
O mecanismo é uma medida para controlar a vazão do rio Tietê e é considerada uma medida complementar ao controle de cheias na Bacia do Alto Tietê. A região do Jardim Planalto fica às margens do rio.
Cobras e ratos
O padeiro Uilliam Silva Santos, de 33 anos, contou que moradores do bairro encontraram cobras, ratos e “esses bichos assim”, enquanto tentavam salvar alguns itens levados pelas chuvas.
Uilliam ainda contou que até ouviu relatos de presença de jacarés, mas que não chegou a ver o réptil pela região.
“O que mais eu fiquei com medo foi cobra, né”, complementou o padeiro.
A reportagem procurou a Defesa Civil, o Corpo de Bombeiros e a Prefeitura de São Paulo a respeito do aparecimento de animais peçonhentos na região após a enchente, mas não obteve retorno até o momento desta publicação.
Casas e objetos perdidos
Moradores contaram ao Metrópoles um pouco do drama que estão vivendo nos últimos dias. A moradora Regina Santos Viana relatou que precisou pedir ajudar do vizinho para abrigar o neto, de 9 meses:
“Na minha casa está tudo cheio [de água]. Perdi tudo o que você pode imaginar, geladeira, máquina de lavar, roupas. Meu guarda-roupas molhou todo, perdi tudo.”
O que dizem as autoridades
- O prefeito Ricardo Nunes (MDB) contou aos jornalistas que “é mais fácil tirar as pessoas [da região]… aquelas pessoas vão ter que sair dali, não tem jeito. Vai ser isso. Está abaixo do nível do rio. É muito complicado”, complementou o prefeito da capital.
- O vice-prefeito Ricardo de Mello Araújo (PL) também foi ao local nesta manhã (3/2) e recebeu vaias da população.
Protestos na rodovia Ayrton Senna
Um grupo com cerca de 60 moradores do Jardim Pantanal bloqueou a rodovia Ayrton Senna, na altura do km 25, sentido interior, em protesto contra as enchentes no início da tarde desta segunda-feira (3/1).
O bloqueio durou cerca de 30 minutos e foi dispersado pela Polícia Militar (PM) com bombas de efeito moral. O protesto teve reflexos na pista sentido São Paulo, que ficou engarrafada.
Questionada sobre o assunto, a concessionária Ecopistas, que administra o trecho da rodovia onde ocorreu o protesto, não se pronunciou até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.