O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse que “o capítulo final” ainda não foi escrito no Afeganistão. A declaração do chefe da diplomacia norte-americana aconteceu nesta quarta-feira (11/12), durante testemunho ao Comitê de Relações Exteriores da Câmara.
Blinken foi convocado por parlamentares dos EUA após os republicanos divulgarem, em setembro deste ano, sobre a desastrosa evacuação de tropas norte-americanas do Afeganistão em 2021. A decisão da administração de Joe Biden abriu caminho para a chegada do Talibã ao poder.
“Este é um período profundamente difícil para o povo afegão, especialmente para as mulheres e meninas do Afeganistão. Mas acredito que o capítulo final não foi escrito sobre o Afeganistão”, disse o secretário de Estado ao comentar sobre os quase cinco anos do Talibã no poder.
Após a retirada de tropas dos EUA, iniciada em maio daquele ano, o Talibã encontrou na instabilidade e insegurança do Afeganistão um terreno fértil para tomar o controle do país.
Durante a evacuação, treze militares norte-americanos morreram em um ataque terrorista no aeroporto de Cabul. Para o Partido Republicano, as baixas poderiam ter sido evitadas.
A oposição de Biden culpa o atual presidente dos EUA pela saída caótica do Afeganistão. Os republicanos afirmam que o presidente democrata ignorou avisos de segurança sobre os riscos de retirar todas as tropas norte-americanas do país.
O atual governo, por sua vez, responsabiliza Donald Trump pelo episódio. Sob a administração do bilionário, os EUA assinaram um acordo de paz com o Talibã em 2020, que previa a retirada de tropas norte-americanas e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) do país em 14 meses.
A retórica da Casa Branca foi repetida por Blinken durante a audiência na Câmara.
“Em janeiro de 2021, o Talibã estava na posição militar mais forte desde o 11 de setembro, e tínhamos o menor número de forças americanas no Afeganistão desde 2001”, declarou o secretário. “Se ele não tivesse cumprido o compromisso de seu antecessor, os ataques às nossas forças e aliados teriam sido retomados, e o ataque do Talibã às principais cidades do país teria começado”.