Recentemente, seis pessoas — duas australianas, dois dinamarqueses, um americano e uma britânica — morreram em Laos (Ásia) após ingerirem bebidas alcoólicas adulteradas. Segundo as autoridades locais, a bebida estava contaminada com metanol (CH₃OH), uma substância incolor, volátil e inflamável.
De acordo com o Conselho Federal de Química (CFQ), o metanol é comumente utilizado na fabricação de formaldeído, ácido acético, biodiesel, resinas, desinfetantes, tintas e outros compostos. Além disso, pequenas quantidades da substância podem ser encontradas em algumas frutas ou surgirem durante a fermentação de bebidas alcoólicas.
O CFQ alerta que, em casos de adulteração de produtos alimentícios ou de bebidas, o metanol se torna altamente perigoso e pode causar sérios danos à saúde, inclusive levar à morte.
Efeitos do metanol no organismo
Conforme a autarquia, o metanol pode afetar o organismo de duas formas: através de efeitos imediatos e efeitos tardios. Os efeitos imediatos, que ocorrem até 48 horas após a ingestão, incluem depressão do Sistema Nervoso Central (SNC) e irritação gastrointestinal, com sintomas como náuseas e vômitos.
Esses sinais são apenas os primeiros alertas de que o corpo está sendo afetado pela substância. O problema maior, no entanto, está nos efeitos tardios, que podem ser ainda mais graves. A metabolização do metanol no corpo gera ácido fórmico, uma substância que aumenta a acidez sanguínea, provocando acidose metabólica. Isso pode levar a sintomas como respiração acelerada, aumento da frequência cardíaca, além de náuseas e vômitos persistentes. Além disso, o metanol pode prejudicar seriamente a visão, causando fotofobia (sensibilidade à luz), visão turva e até cegueira permanente.
Quando a exposição ao metanol atinge doses mais altas, os danos se tornam ainda mais graves. A ingestão de quantidades entre 4 e 10 mL de metanol pode causar danos irreversíveis ao sistema nervoso central e resultar em perda total da visão. Em casos de doses extremas, entre 300 e 1.000 mg/kg de peso corporal, a pessoa pode entrar em coma ou até mesmo morrer. A dose letal para um ser humano é cerca de 30 mL de metanol puro, o que torna o consumo de bebidas adulteradas uma ameaça real à vida.
Além dos efeitos imediatos e tardios, a exposição crônica ao metanol, que ocorre comumente em ambientes ocupacionais, também representa um risco significativo. Nesse caso, os vapores da substância são absorvidos pela pele e mucosas, levando a danos neurológicos, como declínio cognitivo, além de irritação ocular e danos ao sistema respiratório.
Prevenção e controle
Para evitar a intoxicação, é importante adotar práticas de consumo consciente, verificando sempre a procedência e qualidade das bebidas adquiridas.
Segundo a instituição, produtos muito baratos ou sem registro devem ser vistos com desconfiança, pois podem ser adulterados com metanol ou outras substâncias perigosas. Além disso, a fiscalização rigorosa de órgãos governamentais é essencial para coibir a produção, distribuição e comercialização de bebidas adulteradas.
Também é importante que empresas do setor realizem análises químicas periódicas para garantir a qualidade e segurança dos produtos, além de informar a população sobre os riscos do consumo de bebidas adulteradas.
Profissionais da Química
Nesse sentido, os Profissionais da Química desempenham um papel importante no processo de prevenção e controle. O CFQ destaca que, por meio de análises laboratoriais, eles são responsáveis por identificar contaminantes como metanol e outros compostos tóxicos em alimentos e bebidas.
Além disso, trabalham em colaboração com órgãos governamentais para a fiscalização e regulamentação da indústria e atuam na conscientização da população sobre os riscos associados ao consumo de bebidas adulteradas e a importância de adquirir produtos registrados.