quarta-feira, abril 16, 2025
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Empresa de Rei do Lixo fez R$ 861 mi em transações suspeitas, diz PF


A Polícia Federal (PF) afirma que uma empresa ligada ao empresário José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo na Bahia, investigadas na operação Overclean realizou ao menos R$ 861 milhões em transações classificadas como suspeitas entre 2014 e 2025.

Os números são relacionados a movimentação de créditos e débitos nas contas das empresas da MM Consultoria e Construções. Procurada, a defesa e a assessoria do empresário não se manifestaram.

A informação consta na representação da PF que resultou na 3ª fase da operação cujo alvo é um grupo suspeito de desvios em contratos milionários bancados em parte com dinheiro de emendas parlamentares. Os números estão no capítulo da representação sobre o “expressivo volume de transações financeiras do investigado José Marcos Moura”.

“José Marcos Moura movimentou R$ 80.243.234,45 em operações classificadas como suspeitas, sendo beneficiário direto de recursos desviados. Grande parte desses valores teve origem na MM Consultoria Construções e Serviços LTDA, que sozinha acumulou R$ 861.412.612,79 em transações atípicas”, diz a PF.

De acordo com a PF, as informações sobre as transações suspeitas foram enviadas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf).

O Coaf, diz a PF, enviou relatórios de inteligência financeira que mostram uma movimentação no período de R$ 12, 6 bilhões, entre créditos e débitos em contas de empresas ligadas ao Rei do Lixo.

“O esquema investigado envolve a movimentação de mais de R$ 12 bilhões, dos quais R$ 999.987.991,01 foram classificados como suspeitos, com indícios de possível lavagem de dinheiro”, diz a PF.

Para os investigadores, o volume transacionado nos últimos 10 anos pelos investigados aponta para “a gravidade do crime, aliada ao potencial impacto sobre os cofres públicos” e “reforça a necessidade de medidas cautelares rigorosas”.

A PF pediu na 3ª fase da operação a prisão de Marcos Moura e Alex Parente, apontados como lideranças do grupo investigado. Eles já foram presos na 1ª fase da operação, em 10 de dezembro de 2024, mas liberados dias depois por ordem do Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

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O empresário José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo na Bahia

Além dos R$ 999 milhões em transações suspeitas, a PF afirma que o Coaf informou que as empresas ligadas ao Rei do Lixo também foram citadas pelo Coaf por R$ 5,1 milhões em saques em espécie.

Já nos últimos anos, entre 2020 e 2024, o Coaf mapeou ao menos R$ 20 milhões em transações imobiliárias suspeitas.

Como antecipou a coluna, somente o empresário José Marcos de Moura, na pessoa física, movimentou R$ 80 milhões em transações classificadas como suspeitas pelo Coaf.

Entre as transações, está uma no valor de R$ 435 mil que teve como destinatário uma pessoa com foro privilegiado.

Os investigadores também receberam dados do Coaf sobre uma pessoa com foro privilegiado que aparece em transações suspeitas de Gabriel Mascarenhas Sobral.

Apontado como lobista que atua na liberação de emendas e convênios em dois ministérios, Sobral fez transações suspeitas em 2022 com uma pessoa com foro privilegiado.

“Destaca, ainda, a Polícia Federal que, no RIF 119832.2.8526.10767, há o registro, entre diversas transações suspeitas, de uma movimentação financeira em 2022 de Gabriel Mascarenhas para uma pessoa com prerrogativa de foro no Superior Tribunal de Justiça ou Supremo Tribunal Federal”, diz trecho da decisão que autorizou a 3ª fase da Overclean.

As transações envolvendo pessoas com foro privilegiado não foram identificadas em um primeiro momento porque a Overclean tramitava na 1ª instância da Justiça Federal da Bahia.

Após o caso subir ao STF por causa do surgimento de indícios da participação do deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA), a PF pediu acesso à identidade das pessoas com foro envolvidas nas transações.

Ao autorizar a 3ª fase da operação, o ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, também liberou que o Coaf envie à PF as informações sobre essas transações e o nome das pessoas com foro envolvidas.

Overclean

A operação mira contratos milionários de empresas ligadas aos irmãos Alex e Fabio Parente com órgãos federais, estaduais e municipais. Uma das empresas é a Allpha Pavimentações, que recebeu, via Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), R$ 67 milhões do governo federal, do total de cerca de R$ 150 milhões em contratos assinados entre 2021 e 2024.

Os pagamentos se iniciaram em junho de 2021, no governo de Jair Bolsonaro (PL), e foram efetuados até julho de 2024, já sob Lula (PT).

Dados do Portal da Transparência do governo federal mostram que a verba utilizada nos pagamentos tem origem na rubrica que ficou conhecida como orçamento secreto. Alex Parente, sócio da Allpha e de outras empresas, foi alvo de uma ação controlada da PF em 3 de dezembro de 2024.

A PF abordou o avião em que ele se deslocava, de Salvador para Brasília, com Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-chefe do DNOCS na Bahia. Com eles, foi encontrado o que a PF chamou de “contabilidade clandestina” do grupo.

Em 10 de dezembro, sete dias após a apreensão dos documentos, a PF deflagrou a primeira fase da Overclean.

A investigação teve início para apurar desvios em um contrato do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), mas expandiu seu foco após quebras de sigilo telemático e gravações ambientais que mostraram a atuação de um grupo de empresas em contratos milionários firmados com o governo federal e com administrações estaduais e municipais.

A PF passou a analisar as informações contidas no material do avião e cruzá-las com outras colhidas na investigação sobre desvios milionários em contratos com DNOCS, estados e municípios.

O primeiro resultado desse cruzamento a análise foi a realização da 2ª fase da Overclean, em 23 de dezembro, com a prisão de um policial federal; do vice-prefeito de Lauro de Freitas (BA), Vidigal Cafezeiro Neto; do secretário de Mobilidade Urbana de Vitória da Conquista (BA), Lucas Dias; e de Carlos André Coelho, apontado como operador do grupo.

Dias depois, em 15 janeiro de 2025, o caso foi enviado para o STF após o surgimento de indícios sobre a participação de Elmar Nascimento.

Atualmente, de acordo com a PF, 100 pessoas já são alvos da apuração.



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