Por ser associada ao ganho de força e aumento do desempenho nos exercícios, a suplementação com creatina tem se tornado cada vez mais mais popular entre praticantes de atividades físicas de todas as idades. No entanto, algumas pessoas ainda têm dúvidas se o uso do suplemento na adolescência pode prejudicar o desenvolvimento dos jovens.
“Não há uma idade mínima determinada em legislação, mas a prescrição em adolescentes só deve ser considerada após avaliação criteriosa do estado nutricional, da função renal, da maturidade biológica e da demanda esportiva. Em crianças e adolescentes sem justificativa clínica ou esportiva clara, a suplementação não é indicada”, aponta o nutricionista Fernando Castro, que atua em Brasília.
Além de problemas renais, o consumo desenfreado ou sem orientação médica da creatina pode piorar um problema muito comum na adolescência: a acne. “Isso acontece muito em uso de suplementos contaminados, que normalmente são aqueles mais baratinhos. Geralmente, quando a gente vai comprar escondido, é o que acaba escolhendo”, explica o nutricionista Matheus Silva Gomes, que atua em São Paulo.
Para que serve a creatina?
- A creatina funciona como fonte de energia para as células musculares.
- A suplementação auxilia no processo de construção e manutenção muscular, aumentando a força para a realização de exercícios de resistência e de alta intensidade.
- O consumo do suplemento também facilita a recuperação no pós-treino. Como resultado, os usuários aumentam a massa muscular mais rapidamente.
- A creatina também pode ter benefícios para o cérebro e para a prevenção de doenças crônicas.
Consumo atrapalha o crescimento de adolescentes?
A creatina não afeta o crescimento nem o desenvolvimento hormonal quando usada corretamente. Mas, antes de prescrever o suplemento, é importante avaliar a situação física do paciente. “É altamente recomendada a realização de exames. Avaliações de função renal, exames de sangue e uma anamnese detalhada são importantes para garantir que o uso será seguro e eficaz para o jovem”, ressalta o nutricionista Guilherme Lopes, do Grupo Mantevida, em Brasília.

Na adolescência, a prioridade sempre deve ser uma boa rotina alimentar. A creatina é apenas uma ferramenta complementar e só deve ser usada com acompanhamento. O ideal é que a suplementação em jovens aconteça apenas em casos de atletas, desde que haja real necessidade fisiológica, com plano alimentar adequado e acompanhamento profissional.
Como a creatina age no corpo
A creatina é formada pelos aminoácidos glicina, etionina e erginina, que atuam como uma fonte de energia para as células musculares. Ela também pode ser produzida naturalmente através do fígado, rins e pâncreas.
De acordo com a nutricionista Luiza Franco, da clínica Consciência Nutricional, em Brasília, a creatina atua no sistema anaeróbico aláctico (ATP-CP), fornecendo energia para os músculos. “A ‘falha’ muscular durante um exercício indica que o estoque de ATP está se esgotando. Com níveis adequados de energia, esse esgotamento ocorre mais tarde”, explicou em entrevista anterior ao Metrópoles.
Geralmente, a creatina começa a funcionar depois de cerca de três semanas. No entanto, o período depende da dosagem, resposta do corpo de cada pessoa e da frequência dos treinos físicos.
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