Sala, apenas um quarto e uma área de serviço que também era usada como cozinha. Assim era a casa em que Betânia Gomes morava com o marido, Edmundo Gomes, e os filhos, Gabriela, 15, e Gabriel, 10, no Sol Nascente. Edmundo dormia na sala, enquanto a mãe e as crianças dividiam o único dormitório. “As condições eram muito precárias, as paredes sem reboco, tinha muito inseto, na época da chuva molhava bastante, só tinha um quarto e era muito sofrido”, relata a dona de casa.
Em apenas dois meses, porém, tudo mudou. A família foi contemplada pelo programa Melhorias Habitacionais, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab-DF), e o imóvel foi praticamente reconstruído, a partir de um investimento de cerca de R$ 90 mil, pagos pelo Governo do Distrito Federal (GDF). Hoje, após a reforma, a casa conta com sala, cozinha, área de ventilação e três quartos — um para cada filho e mais um para o casal.
“É uma sensação de liberdade. O fato de meus filhos terem um quarto cada um e eu ter um quarto junto com meu esposo é muito bom”, descreve Betânia. “Não via a hora dessa casa ser reformada. Eu via meus vizinhos reformando a casa deles e a minha sempre ‘acanhadinha’, mas aí aconteceu um milagre e eu estou aqui na casa reformada”, acrescenta. “É um sonho, a gente ainda tem que se beliscar para ver se está acontecendo de verdade. É uma realização, uma grande conquista, porque não é fácil aqui em Brasília a gente conseguir um teto próprio para morar; têm sido tempos bem difíceis. A gente ainda vai ter que esperar um tempo para acordar e falar: ‘opa, realmente aconteceu’”, emenda Edmundo, que ainda conta estar “nas nuvens”.
Assim como Betânia e Edmundo, 188 famílias realizaram o sonho de ter a casa reformada gratuitamente pelo Melhorias Habitacionais desde 2019. Ao longo desses seis anos, este GDF investiu R$ 6 milhões no programa. “Nós realizamos a execução desse projeto em áreas de regularização fundiária e temos o objetivo de trazer dignidade para as pessoas em situação de vulnerabilidade”, explica o diretor de assistência técnica da Codhab, Mauro de Paulo. “Nós vamos dar continuidade [ao projeto], queremos atingir um número muito maior dentro do próximo ano. O governo está focado nisso”.
Podem participar do programa famílias com renda mensal de até três salários mínimos e que morem no DF há pelo menos cinco anos em casas próprias e localizadas em áreas próprias de interesse social regularizadas ou passíveis de regularização. Além disso, os candidatos não podem possuir outro imóvel, e a residência deve apresentar problemas de salubridade ou segurança. As obras têm o valor limite de R$ 50 mil para reformas e de R$ 100 mil para o caso de reconstruções. Os interessados devem ficar atentos ao site da Codhab para conferir quando o prazo de inscrições será aberto.
A obra é feita por uma empresa contratada, mas os projetos são assinados e acompanhados de perto por equipes da Codhab — que contam, além de arquitetos e engenheiros, com assistentes sociais para atender às famílias contempladas. “A gente se debruça muito sobre a necessidade da família, faz muito estudo de layout, porque, geralmente, as habitações são pequenas e com muitas pessoas utilizando, então a gente faz muito estudo para apresentar para aquela família a melhor proposta de projeto que vai atender a ela. E a gente conversa muito com a família para trazer uma identidade para o projeto”, pontua Raiane Gomes, arquiteta da Codhab responsável por projetar a nova casa da família Gomes.
“A gente trabalha como se fosse da família. A gente vem aqui, cobra da empresa, acompanha… Então, [depois de pronto,] a gente fica muito contente, muito feliz. Eu não tenho nem palavras para descrever. E quando a gente vê a gratidão [dos contemplados], a gente se emociona mesmo, porque a gente coloca o coração, quer trazer o melhor”, arremata Raiane, emocionada com a música que ela e a equipe ganharam de Betânia em agradecimento pelo novo lar.