Cientistas acreditam ter descoberto a verdadeira causa do Alzheimer


Pesquisadores norte-americanos sugerem uma nova hipótese para a origem do Alzheimer. O aparecimento da doença neurodegenerativa é frequentemente creditado ao acúmulo de emaranhados de proteínas tóxicas no cérebro, mas o novo estudo sugere que o início da condição pode ser anterior a isso.

A pesquisa, publicada na quinta-feira (6/2) na revista Alzheimer’s Association, indica que grânulos gerados pelo estresse celular podem se formar no cérebro. Ao ficar “no meio do caminho” dos neurônios, esses grânulos seriam responsáveis por interromper a comunicação entre eles, além de dificultar seu reparo, o que pode ser a raiz da doença.

A hipótese de origem do Alzheimer

Os grânulos de estresse são aglomerados de proteínas e RNA que se formam em resposta ao estresse oxidativo, causado pelo excesso de radicais livres no organismo.

Entre os gatilhos para o aumento de radicais livres, estão alimentação de má qualidade, tabagismo, consumo de álcool, prática de exercício físico em excesso, estresse, falta de sono, doenças, infecções e envelhecimento.

Os cientistas do Instituto de Biodesign da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, propõem que os grânulos interrompem a comunicação entre o núcleo e o citoplasma das células, causando um efeito cascata que leva ao Alzheimer.

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Na imagem, dois neurônios pontilhados de grânulos em contraste com um saudável (no meio), todos de uma mesma paciente com Alzheimer

A pesquisa foi feita a partir da revisão de artigos anteriores, para identificar mudanças generalizadas na expressão genética que acompanham a doença.

De acordo com os pesquisadores, a interrupção progressiva da comunicação entre os neurônios afeta mais de mil genes e altera a expressão genética das células produzidas posteriormente, prejudicando funções essenciais, como o metabolismo e a sobrevivência celular.

“Nossa proposta oferece uma estrutura plausível para entender os mecanismos que permitem o aparecimento dessa doença complexa. Essa descoberta pode alterar quando o Alzheimer pode ser detectado e quando a intervenção deve começar”, afirma o neurocientista Paul Coleman, líder do estudo, em comunicado à imprensa.

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Alzheimer é uma doença degenerativa causada pela morte de células cerebrais e que pode surgir décadas antes do aparecimento dos primeiros sintomas

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Por ser uma doença que tende a se agravar com o passar dos anos, o diagnóstico precoce é fundamental para retardar o avanço. Portanto, ao apresentar quaisquer sintomas da doença é fundamental consultar um especialista

Andrew Brookes/ Getty Images

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Apesar de os sintomas serem mais comuns em pessoas com idade superior a 70 anos, não é incomum se manifestarem em jovens por volta dos 30. Aliás, quando essa manifestação “prematura” acontece, a condição passa a ser denominada Alzheimer precoce

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Na fase inicial, uma pessoa com Alzheimer tende a ter alteração na memória e passa a esquecer de coisas simples, tais como: onde guardou as chaves, o que comeu no café da manhã, o nome de alguém ou até a estação do ano

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Desorientação, dificuldade para lembrar do endereço onde mora ou o caminho para casa, dificuldades para tomar simples decisões, como planejar o que vai fazer ou comer, por exemplo, também são sinais da manifestação da doença

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Além disso, perda da vontade de praticar tarefas rotineiras, mudança no comportamento (tornando a pessoa mais nervosa ou agressiva), e repetições são alguns dos sintomas mais comuns

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Segundo pesquisa realizada pela fundação Alzheimer’s Drugs Discovery Foundation (ADDF), a presença de proteínas danificadas (Amilóide e Tau), doenças vasculares, neuroinflamação, falha de energia neural e genética (APOE) podem estar relacionadas com o surgimento da doença

Rossella De Berti/ Getty Images

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O tratamento do Alzheimer é feito com uso de medicamentos para diminuir os sintomas da doença, além de ser necessário realizar fisioterapia e estimulação cognitiva. A doença não tem cura e o cuidado deve ser feito até o fim da vida

Towfiqu Barbhuiya / EyeEm/ Getty Images

O papel dos grânulos de estresse

Normalmente, os grânulos de estresse protegem as células durante condições adversas, dissolvendo-se quando o estresse diminui. No Alzheimer, porém, eles persistem e se tornam patológicos, prendendo moléculas vitais e interrompendo o tráfego celular.

No início, estudos anteriores focaram como origens do problema o aparecimento de placas amiloides e emaranhados de proteína tau, mas nenhuma teoria unificou esses fenômenos como faz a hipótese dos grânulos de estresse.

“Essas mudanças radicais ocorrem muito cedo, antes dos sintomas”, explica Coleman. Tratamentos precoces que visem aos grânulos de estresse podem prevenir o surgimento de placas amiloides e emaranhados de tau, mudando o foco do tratamento para a prevenção.

O Alzheimer leva a sintomas que variam desde perda de memória a mudanças de personalidade. Apesar de mais de um século de pesquisa e bilhões de dólares investidos, ainda não há cura para a condição.

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