Intensificar ações que beneficiem quem mais precisa torna-se ainda mais importante nesta época do ano em que se celebra o nascimento de Jesus Cristo, com valores de solidariedade, amor, paz, fé e esperança. Para marcar o período e sobretudo a vida de mulheres privadas de liberdade, a Organização da Sociedade Civil (OSC) Ame Mulheres Esquecidas (A.M.E) proporcionou uma celebração natalina na Unidade Prisional Regional (UPR) Feminina de Luziânia – 3ª CRP, no Entorno do Distrito Federal.
Almoço especial, louvores, adoração, donuts natalino, brinde com guaraná, além de muita emoção, dignidade e acolhimento, marcaram a confraternização de 62 mulheres presas, dentre elas três grávidas, que não tiveram a oportunidade de cear com suas famílias na noite de Natal.
As celas, com grades trancadas por cadeados e camas fixas de concreto, deram espaço a duas grandes mesas postas, com direito à toalha vermelha, no pátio de banho de sol, com enfeites natalinos e uma deliciosa lasanha servida com arroz. O chef de cozinha do DF Marcelo Petrarca, doou 130 refeições e a empresária e chef da Monkey Donuts, Gabrielle Moura, voluntária do grupo, ofereceu 160 sobremesas.
O Metrópoles participou da ação e pôde constatar o impacto do trabalho para o bem-estar das mulheres encarceradas. Sob o comando das policiais penais, cada presa se sentou à mesa e recebeu o carinho das voluntárias da OSC.
BRENO ESAKI/METRÓPOLES @BrenoEsakiFoto
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“O propósito da ação de Natal no presídio é promover a dignidade da pessoa humana, reafirmando que todos merecem respeito e cuidado, mesmo em contextos de privação de liberdade. Buscamos contribuir para a ressocialização, levando mensagens de esperança e reconciliação, enquanto pregamos o evangelho que restaura e transforma vidas”, enfatizou a fundadora da A.M.E, Shaila Manzoni.
Assista imagens da celebração:
Shaila classificou como gratificante o momento vivenciado na unidade prisional. “Muitas delas nunca se sentaram à mesa. Elas não têm mesas disponíveis para as refeições no dia a dia. Este momento significa muito e demonstra que elas são dignas de cear e se sentar na mesa de Deus”, destacou.
Por meio de ações que valorizam a dignidade humana, a A.M.E oferece, durante todo o ano, não apenas palavras de esperança, mas também iniciativas práticas, como cursos de capacitação, que abrem portas para um futuro diferente.
“Cada gesto, desde a pregação do evangelho até ações que demonstram cuidado e respeito, reforça que nos importamos com elas e acreditamos em seu potencial de mudança. Esse trabalho planta sementes de transformação, ajudando-as a reconstruir suas vidas e a encontrar um novo lugar na sociedade com propósito e dignidade”, reforçou a fundadora do grupo.
Exemplo na prática
Presente na ação, a ex-detenta Jussara Marina Alves de Vasconcelos, 45, contou que ficou presa por cerca de cinco anos e recebeu o apoio da A.M.E quando saiu da unidade prisional. Hoje, ela também é voluntária na associação.
“Ainda quando eu estava lá dentro, comecei a fazer faculdade de matemática à distância. Recebi um notebook quando saí e consegui concluir os meus estudos. O projeto influencia não só a vida de quem está lá dentro, mas a vida das pessoas também quando estão fora. A A.M.E me mostrou que existia um mundo diferente. Me estenderam a mão quando eu mais precisei e, hoje, eu tenho a minha vida resgatada e transformada”, afirmou Jussara.
Muito emocionada durante toda a celebração natalina no presídio, umas das reeducandas destacou à reportagem que, para ela, o projeto significa a “luz no fim do túnel”.
“Os dias mais felizes são os que eles estão aqui conosco. A gente consegue transformar o pensamento e se sentir acolhida com apoio espiritual. Vai muito além do físico. Conseguimos sentir a presença e o amor de Deus. A certeza que eu tenho hoje é a de que vou mudar a minha história. Isso daqui vai acabar e eu vou poder encontrar uma vida melhor quando eu sair”, disse.
Diretora da UPR Feminina de Luziânia, Luana Rayka Machado, salientou que o projeto fortalece a ressocialização das mulheres e reduz o índice de reincidência.
“Muitas delas chegam até aqui inicialmente com ajuda dos maridos, filhos, mães, netos, e depois ficam sozinhas e abandonadas”, lamenta a diretora.
A policial penal assumiu o cargo na direção da unidade há dois anos e, desde então, conhece os dramas das reeducandas.
“Para evitar que voltem a cometer crimes após saírem da prisão, é necessário que as mulheres dentro dos presídios sejam ressocializadas e encontrem novas oportunidades na sociedade. Apoiamos a A.M.E e esse amparo que disponibilizam dentro e fora da unidade, com as egressas do sistema prisional. A Polícia Penal do Estado De Goiás trabalha para que esse índice de reincidência seja zerado”, pontuou a diretora.
Sobre a A.M.E
A associação foi criada em 2020 com o propósito de proporcionar dignidade às mulheres em situação de cárcere e, após o cumprimento de suas penas, reintegrá-las à sociedade.
No total, a A.M.E proporciona 10 programas fundamentados em três pilares: proporcionar dignidade; gerar novas oportunidades por meio da capacitação; e promover a ressocialização e reintegração social.
Além dos programas, voluntários, padrinhos e madrinhas do grupo visitam semanalmente a Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF) e, mensalmente, a Cadeia Pública de Formosa e o Presídio Feminino de Luziânia, realizando ações ao longo de todo o ano.
Além de toda a assistência às mulheres nos presídios, quando elas saem, recebem um kit com roupas, um auxílio durante três meses e são encaminhadas para parceiros que oferecem oportunidades de emprego.
Em quatro anos de atuação na UPR Feminina de Luziânia, entre 2020 e 2024, 850 mulheres conquistaram a liberdade após cumprirem pena, segundo dados da A.M.E. Dentre essas, apenas três mulheres retornaram ao sistema prisional.
“Com menos de 1% de reincidência em quatro anos, estamos testemunhando o impacto profundo e positivo do trabalho que temos realizado. Esse resultado não é apenas um número. Ele representa a transformação e a ressocialização dessas mulheres”, frisou Shaila.
Shaila conta que o sonho dela é fazer com que a A.M.E alcance todos os presídios femininos do Brasil, para que o país seja reconhecido como um dos mais seguros para se viver e com o menor índice de reincidência do mundo.
“Infelizmente, não podemos mudar o passado. A questão é: ‘Se não posso fazer nada para alterar o que já aconteceu, o que posso fazer para evitar que o passado se repita no futuro?’ Decidi viver para isso. Testemunhar a transformação de pessoas, da nossa cidade e do nosso país”.