São Paulo – Motéis e hotéis do centro se tornaram o reduto do delivery de metanfetamina em São Paulo por uma rede de traficantes chineses, mexicanos e nigerianos desmontada pela Polícia Civil.
A droga tem sido usada para chemsex. Do inglês, o termo no Brasil significa sexo químico, e consiste em apimentar o sexo com o uso de drogas. A metanfetamina tem um efeito que dura muitas horas e, por isso, se popularizou para a prática.
O esquema de abastecimento da droga foi alvo da Operação Heisenberg, deflagrada em dezembro de 2023, quando foram autorizadas pela Justiça 60 prisões e 101 mandados de busca e apreensão.
O nome da operação foi inspirado na série televisiva Breaking Bad. Protagonista da trama, o professor de química Walter White vira cozinheiro da metanfetamina após ser diagnosticado com câncer no pulmão. Ao longo da série, torna-se um temido traficante, com o codinome de Heisenberg.
Alvos da operação guardam alguma semelhança com personagens da série. Um deles é um engenheiro químico que deixou uma estatal petrolífera no México para se tornar cozinheiro da droga no Brasil. Ele tem o apelido de “fantasma”. Outro tem o apelido de Hector Salamanca, que é o nome de um chefão do tráfico mexicano retratado na série.
O esquema todo começou a ser descoberto a partir da denúncia de um chinês, na condição de testemunha protegida. Ele contou que foi atraído para morar no Brasil por uma proposta de emprego, mas, quando chegou, descobriu que trabalharia para o delivery de drogas.
O denunciante deu a policiais o endereço de um apartamento no centro, onde funcionava o QG da metanfetamina de chineses. Em buscas no local, a polícia prendeu cinco suspeitos e apreendeu 2 kg de drogas.
Foi no celular desses chineses presos em flagrante com a droga que a Polícia Civil descobriu centenas de mensagens sobre venda e fornecimento de drogas.
Hotéis e motéis no centro de São Paulo são citados constantemente pelos traficantes como locais de entrega da metanfetamina. Eles também mantêm contatos com prostitutas que estão nesses hotéis.
Como mostrou o Metrópoles, um dos investigados foi preso justamente com uma prostituta e uma porção de metanfetamina em um hotel no centro de São Paulo.