Arrecadação atinge R$ 2,7 trilhões em 2024, maior da série histórica


A arrecadação do governo federal com impostos, contribuições e demais receitas atingiu R$ 261,26 bilhões em dezembro de 2024, segundo dados divulgados nesta terça-feira (28/1) pela Receita Federal. Com isso, a arrecadação alcançou o valor recorde de R$ 2,7 trilhões no ano passado (valor corrigido pela inflação) — maior desde o começo da série histórica, iniciada em 1995.

Essa é a maior arrecadação para o mês de dezembro desde o início da série histórica, ultrapassando a marca de 2023, quando recolheu R$ 242,4 bilhões. No acumulado de 2024, o valor arrecadado também é recorde.

Em 2023, primeiro ano do atual governo Lula (PT), a arrecadação somou R$ 2,31 trilhões, uma queda de 0,12% em relação ao ano anterior (quando foi R$ 2,36 trilhões, segundo valores corrigidos pela inflação), sob a gestão Jair Bolsonaro (PL).

No acumulado de 2024 (de janeiro a dezembro), a arrecadação alcançou o valor de R$ 2,6 trilhões (sem a correção pela inflação) —, o que representa um acréscimo pela inflação de 9,62% em comparação a 2023.

O desempenho da arrecadação, de acordo com a Receita, observado em 2024:

  • Comportamento dos principais indicadores macroeconômicos;
  • Crescimento da arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) Capital dos fundos exclusivos e offshores;
  • Melhora no desempenho da arrecadação da tributação do PIS/Cofins sobre combustíveis;
  • Arrecadação do Imposto de Importação e do IPI vinculado à Importação, devido ao aumento das alíquotas médias desses tributos;
  • Recolhimentos de quase R$ 7,4 bilhões a título de bens e direitos no exterior (offshores).

Enquanto o resultado de dezembro representa um aumento real de 7,78% na comparação com o mesmo mês de 2023, quando a arrecadação somou R$ 231,2 bilhões (valor corrigido pela inflação).

Segundo a Receita, o acréscimo observado da arrecadação de dezembro se deve a quatro fatores:

  1. Comportamento dos principais indicadores macroeconômicos;
  2. Melhora no desempenho da arrecadação da tributação do PIS/Cofins sobre combustíveis;
  3. Desempenho dos tributos do comércio exterior em função do aumento do volume das importações, das alíquotas médias e do crescimento da taxa de câmbio; e
  4. Crescimento do Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) de 14,84%, em função, principalmente, do crescimento de 14,93% na arrecadação da estimativa mensal.

Arrecadação recorde não impedirá déficit nas contas públicas

Embora tenha atingido recordes tanto para o mês quanto para o ano, a arrecadação não será capaz de impedir o déficit das contas públicas (quando as despesas superam as receitas).

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que as contas da União devem registrar déficit de 0,1% em 2024. Esse saldo desconsidera os gastos excepcionais com as enchentes no Rio Grande do Sul e as queimadas que assolaram o país.

Caso a tragédia do Rio Grande do Sul e as queimadas entrassem no cálculo, o saldo negativo seria de 0,37%, segundo Haddad.

Busca pelo déficit zero

Desde 2023, o governo buscou ampliar a base de arrecadação para atingir a meta de déficit zero. O arcabouço fiscal (a nova regra de controle dos gastos públicos) traz um intervalo de tolerância de 0,25 ponto percentual para mais ou para menos, permitindo que a meta seja cumprida ainda se for registrado um déficit que, em 2024, corresponde a cerca de R$ 28,8 bilhões.

O secretário especial da Receita, Robinson Barreirinhas, tem defendido o que chama de “processo de recuperação da base fiscal brasileira”. Ele rechaça que o governo esteja aumentando impostos, alegando que o que a equipe econômica ataca são as chamadas distorções no sistema tributário, que representam injustiças fiscais.



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