Por dois anos, a aposentada Risoneide Amaral da Silva, 62 anos, sofreu com fortes dores na barriga, às quais os médicos atribuíram a um quadro de diverticulite aguda. A inflamação no intestino parecia ser tão acentuada que a moradora de Brasília sequer conseguia fazer exames mais específicos, como a colonoscopia.
Entre 2022 e 2024, Risoneide foi internada três vezes, com exames de tomografia e ultrassom sugerindo o quadro de diverticulite. “Ela era hospitalizada, tomava medicamentos e melhorava. Mas a cada três meses, a dor voltava”, lembra Adryeny, filha de Risoneide.
Em abril de 2024, após uma crise com dores incapacitantes enquanto estava no supermercado, Risoneide descobriu que a diverticulite era, na realidade, um câncer colorretal avançado. Uma tomografia com contraste revelou um tumor com aproximadamente 5 cm no lado esquerdo da barriga.
Sintomas confundidos
“Eu trabalhava como feirante quando comecei a sentir uma dor muito forte na barriga. Sempre que me consultava, os médicos diziam que não podiam fazer a colonoscopia porque estava muito inflamado e pediam para retornar em três meses. Até que um dia eu estava no mercado quando tive uma crise com dores muito fortes debaixo das costelas”, lembra.
Quando chegou em casa, Risoneide ligou para a irmã pedindo ajuda e foi levada às pressas para o hospital. “Não aguentava ficar sentada, deitada, nem em pé. Depois de fazer os exames, os médicos falaram que eu ficaria internada porque o quadro não era nada bom”, lembra.


Risoneide esteve o tempo todo acompanhada da filha Adryeny
Risoneide Amaral da Silva/ Imagem cedida ao Metrópoles
Ela passou pelo tratamento de câncer colorretal em 2024
Risoneide Amaral da Silva/ Imagem cedida ao Metrópoles
Risoneide passou por 12 sessões de quimioterapia
Risoneide Amaral da Silva/ Imagem cedida ao Metrópoles
A aposentada passará por mais uma cirurgia em 2025 para remover a bolsa de colostomia
Risoneide Amaral da Silva/ Imagem cedida ao Metrópoles
Câncer colorretal
O câncer colorretal, também conhecido como câncer de cólon e reto ou de intestino, é um tumor maligno que se desenvolve no intestino grosso (cólon) ou no reto.
Os principais fatores de risco para a doença são a idade — a partir dos 50 anos —, sedentarismo, sobrepeso e obesidade, e alimentação pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras, bem como o consumo excessivo de carne vermelha e embutidos.
“Estamos vendo casos em pessoas cada vez mais jovens, principalmente por causa do nosso estilo de vida, a alimentação e falta de atividade física. A população está mais obesa, com sobrepeso, e não segue uma dieta de forma adequada”, afirma a oncologista Taiana Coelho, do Hospital Brasília Águas Claras.
Sintomas do câncer de intestino
Taiana explica que a confusão do quadro com a diverticulite pode se dar pela semelhança dos sintomas. Os dois quadros se desenvolvem com dor abdominal e, às vezes, constipação. Além disso, o câncer pode causar sintomas como:
- Sangue nas fezes;
- Alteração do hábito intestinal (diarreia e/ou prisão de ventre);
- Fraqueza e anemia;
- Perda de peso sem causa aparente;
- Alteração na forma das fezes (fezes muito finas e compridas).
Além da dor na barriga e sensação de barriga pesada, a feirante também se queixava de dor na barriga ao andar, queimação nas pernas e diarreia. “Eu tive uma dor de barriga tão forte quando estava no shopping que precisei deixar minha roupa íntima no banheiro. Cheguei em casa toda suja”, conta.


Também conhecido como câncer de cólon e reto ou colorretal, abrange os tumores que se iniciam na parte do intestino grosso -chamada cólon -, no reto e ânus
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De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a estimativa é de que o problema tenha provocado o óbito de cerca de 20 mil pessoas no Brasil apenas em 2019
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O mês de março é dedicado à divulgação de informações sobre a doença. Se detectado precocemente, o câncer de intestino é tratável e o paciente pode ser curado
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Os principais fatores relacionados ao maior risco de desenvolver câncer do intestino são: idade igual ou acima de 50 anos, excesso de peso corporal e alimentação pobre em frutas, vegetais e fibras
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Doenças inflamatórias do intestino, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também aumentam o risco de câncer do intestino, bem como doenças hereditárias, como polipose adenomatosa familiar (FAP) e câncer colorretal hereditário sem polipose (HNPCC)
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Doses de café pode reduzir em 30% risco de câncer de intestino
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Os sintomas mais associados ao câncer do intestino são: sangue nas fezes, alteração do hábito intestinal, dor ou desconforto abdominal, fraqueza e anemia, perda de peso sem causa aparente, alteração das fezes e massa (tumoração) abdominal
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O diagnóstico requer biópsia (exame de pequeno pedaço de tecido retirado da lesão suspeita). A retirada da amostra é feita por meio de aparelho introduzido pelo reto (endoscópio)
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O tratamento depende principalmente do tamanho, localização e extensão do tumor. Quando a doença está espalhada, com metástases para o fígado, pulmão ou outros órgãos, as chances de cura ficam reduzidas
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A cirurgia é, em geral, o tratamento inicial, retirando a parte do intestino afetada e os gânglios linfáticos dentro do abdome. Outras etapas do tratamento incluem a radioterapia, associada ou não à quimioterapia, para diminuir a possibilidade de retorno do tumor
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A manutenção do peso corporal adequado, a prática de atividade física, assim como a alimentação saudável são fundamentais para a prevenção do câncer de intestino
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Além disso, deve-se evitar o consumo de carnes processadas (por exemplo salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru, salame) e limitar o consumo de carnes vermelhas até 500 gramas de carne cozida por semana
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Exame de diagnóstico
O câncer colorretal é rastreado com o exame de colonoscopia, que deve ser feito a partir dos 45 anos. O diagnóstico da doença requer biópsia, exame onde um pequeno pedaço de tecido é retirado da lesão suspeita e analisado por um patologista.
“O diagnóstico precoce tem alta chance de cura. O paciente que descobre a doença no estadiamento clínico 1 tem 95% de chance de se recuperar. Quando é tardio, a gente começa a reduzir as chances de cura, mas ainda assim conseguimos chegar nela fazendo tratamento complementar, quando é necessário fazer quimioterapia, e mudando o estilo de vida. Por isso, a importância do rastreio”, afirma a médica.
A oncologista explica que a tomografia com contraste abdominal é essencial para rastrear a presença de tumores. “Com a tomografia sem contraste, consigo avaliar a região abdominal de forma mais grosseira, mas não dá para bater o martelo e preciso de uma colonoscopia para confirmar”, afirma.
Tratamento
A indicação do tratamento do câncer colorretal varia de acordo com a gravidade do caso. Ele pode ser feito com cirurgia para a retirada do tumor ou a combinação de operação e quimioterapia.
Risoneide passou por uma cirurgia para remover parte do intestino esquerdo e retirar a lesão e parte dos linfonodos para confirmar a ausência de metástase. O tratamento foi complementado com 12 sessões de quimioterapia no intervalo de seis meses.
“O tratamento foi tranquilo. Vi algumas pessoas passando mal no hospital, mas encarei bem a quimioterapia. Hoje, não sinto mais nada”, celebra.
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