A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse nessa terça-feira (11/2) que buscará diálogo com os Estados Unidos na tentativa de reverter a decisão do país de impor tarifas de 25% indistintamente para todas as importações de aço e alumínio, atingindo o Brasil.
O posicionamento da entidade vai na mesma linha do adotado pelas entidades do setor — a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e o Instituto Aço Brasil —, que manifestaram preocupação com os impactos da nova medida tarifária e disseram estar em diálogo com o governo Lula (PT).
Brasil atingido
- A decisão do governo Donald Trump de taxar em 25% as importações dos EUA de aço e alumínio atinge diversos países. A medida entra em vigor a partir de 12 de março.
- Ao lado do Canadá e México, o Brasil é um dos maiores exportadores de aço para os EUA.
- Os EUA foram o destino de 13,5% do total (72,4 mil toneladas) das exportações brasileiras de produtos de alumínio, segundo a Abal.
- No seu primeiro mandato, Trump também adotou tarifas sobre importações dos metais. Na época, empresas do setor chegaram a anunciar demissões no Brasil, mas recuaram após o presidente norte-americano voltar atrás e cancelar a cobrança dos impostos.
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, essa medida é prejudicial tanto para a indústria brasileira quanto para a norte-americana e já causa apreensão no setor.
“Lamentamos a decisão e vamos atuar em busca do diálogo para mostrar que há caminhos para que seja revertida. Temos todo o interesse em manter a melhor relação comercial com os EUA, que hoje são o principal destino dos produtos manufaturados do Brasil, mas precisamos conciliar os interesses dos setores produtivos dos dois países”, afirmou.
Os Estados Unidos são o principal parceiro do Brasil nas exportações da indústria de transformação, especialmente de produtos com maior intensidade tecnológica, comércio de serviços e investimentos bilaterais. Segundo a CNI, em 2024, a indústria de transformação brasileira exportou aos EUA US$ 31,6 bilhões em produtos.
O dirigente destacou que a parceria econômica entre Brasil e Estados Unidos é estratégica para a indústria brasileira. “Temos fluxos comerciais e de investimentos altamente diversificados. A CNI trabalha para aprofundar essa relação por meio de uma agenda voltada ao fortalecimento do relacionamento bilateral e da integração internacional”, completou.
Amigos do “Tio Sam”: nunca Brasil exportou tanto aos EUA como em 2024
Segundo Alban, o Brasil deve trabalhar para construir alternativas consensuais e que preservem a relação comercial histórica. A entidade também ressaltou que o Brasil não representa uma ameaça comercial para os EUA, visto que a balança comercial entre os países é, desde 2008, favorável aos americanos, ao contrário do que ocorre entre os EUA e Canadá, China e México. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,4 bilhões e importou US$ 40,7 bilhões.