São Paulo — A defesa de Mario Vitorino da Silva Neto, acusado de matar a facadas o amigo e empresário Igor Peretto, em 31 de agosto, em Praia Grande, litoral de São Paulo, pediu na Justiça a liberdade provisória do réu. O pedido foi feito no dia 13 de janeiro. Nessa segunda-feira (20/1), a Justiça deu o prazo de cinco dias para o Ministério Público (MPSP) se manifestar.
O que alega a defesa
- Dentre as diversas alegações, os advogados Mário André Badures, Nadya dos Santos e João Carlos Pereira argumentaram que o Código Processual Penal não foi respeitado, uma vez que a investigação teria usado “provas ilícitas” e “fatos não comprovados”, ao invés de consentimento, para periciar um dos aparelhos celulares.
- Eles também alegam que houve vazamento de dados do inquérito policial, com divulgação de informações pela imprensa antes mesmo do interrogatório de Mario, o que teria prejudicado sua defesa.
- Os advogados também afirmam no pedido que a acusação deturpou a dinâmica dos fatos e a motivação do crime, com uma narrativa que não corresponde à realidade. Nesse sentido, eles apontam que as imagens do sistema “Muralha Paulista” poderiam demonstrar que Mario tentou convencer a vítima a retornar para a casa da mãe, evitando o desfecho.
- A defesa questiona ainda a imparcialidade da acusação, alegando que a denúncia apresenta uma narrativa vaga e imprecisa, sem individualizar a conduta de cada acusado.
- Outros argumentos apresentados são o fato de que Mario agiu em legítima defesa, e não atacou Igor. Além disso, a defesa alega que todos os envolvidos no homicídio estavam sob efeito de álcool e drogas, o que teria afetado a capacidade de discernimento dos fatos.
- Os advogados também pediram um aumento do prazo para apresentar a resposta à acusação porque um dos defensores teria contraído uma severa conjuntivite aguda. “Tal questão redundou no afastamento das atividades laborais pelo período de cinco dias”, diz trecho da petição.
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Defesa de Mario se pronunciou
- Ao Metrópoles, o advogado Mário André Badures afirmou que a questão da liberdade provisória é um dos pedidos requeridos na resposta à acusação. Segundo ele, a defesa segue aguardando a manifestação do MP.
- Em nota, a defesa de Mario Vitorino negou que existam elementos no processo capazes de comprovar que existia um triângulo amoroso entre os réus.
- “A verdade é que todos estavam separados de corpos, Mario Vitorino morando em lugar diverso de Marcelly assim como Igor Peretto residindo junto da sua genitora e em imóvel diverso de Rafaela. Essa suposta traição é um elemento fictício, alimentado somente nas mídias sociais sempre na busca de abalar o clamor público”, diz trecho da nota.
- O time de advogados também negou que exista qualquer prova sobre a motivação econômica de Mario, e tampouco alguma prova a indicar que tenha sido uma execução. Segundo a defesa, “tal tragédia foi algo aleatório e com cenário passional” e o acusado, em uma “intensa luta corporal, procurou tão somente se defender”.
Relembre o crime
- O empresário Igor Peretto, de 27 anos, foi assassinado no último dia 31 de agosto no apartamento da irmã, Marcelly Marlene Delfino Peretto, em Praia Grande, litoral de São Paulo.
- Ele foi morto a facadas, desferidas por Mario Vitorino, após supostamente ter descoberto que estava sendo traído pela esposa, Rafaela Costa, apontou o MP. Os dois estariam se separando.
- A mulher estaria tendo um caso com Mario Vitorino, amigo e sócio de Igor. Além disso, os dois homens eram cunhados, já que Mario e Marcelly eram casados – também em processo de separação.
- De acordo com o depoimento de Rafaela à polícia, ela e Marcelly também seriam amantes.
- Rafaela não estava no apartamento de Marcelly quando Igor foi assassinado. Apesar disso, ela estaria envolvida no crime, já que teria atraído o marido para o apartamento para ser executado, segundo a investigação.
- Para o MP, Igor foi assassinado pois atrapalhava o triângulo amoroso.
A manhã do crime
- De acordo com a cronologia do crime, elaborada pela Polícia Civil, Marcelly e Rafaela chegaram de carro ao Residencial Vogue, onde Marcelly é proprietária de um apartamento, às 4h32 do dia 31 de agosto, madrugada de sábado.
- Antes disso, elas estavam em uma festa junto de Mario e Igor.
- Por volta das 5h40, Rafaela saiu sozinha do apartamento de Marcelly e partiu de carro. Apenas 13 segundos depois, Mario e Igor chegam juntos ao prédio.
- Às 5h44, os dois homens saem do elevador em direção ao apartamento de Marcelly, onde Igor foi assassinado.
- Vinte minutos depois, às 6h04 do sábado, Mario e Marcelly saem sozinhos pelas escadas do prédio e vão em direção ao subsolo, onde está estacionado o carro de Mario.
- Os depoimentos dos réus divergem quanto aos detalhes do crime. Apesar disso, a Polícia Civil concluiu que houve uma discussão entre o trio. Em dado momento, Mario desferiu diversos golpes de faca em Igor, que morreu no local.
- Após o homicídio, o cunhado e a irmã de Igor partiram de carro em direção ao apartamento de Mario. De lá, o casal seguiu para a estrada, tendo encontrado Rafaela aproximadamente às 8h48 no Posto Olá, no km 124 da Rodovia Governador Carvalho Pinto.
- Uma hora depois, o trio chegou em Campos do Jordão. Marcelly teria pego um carro de aplicativo e retornado para a Praia Grande, enquanto Rafaela e Mario foram a um motel em Pindamonhangaba para que ele trocasse as roupas sujas de sangue.
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Prisões
- Rafaela e Marcelly se apresentaram à polícia e prestaram depoimento no dia 6 de setembro. Mario foi encontrado apenas no dia 15 daquele mês, na cidade de Torrinha, interior de São Paulo.
- Os três estão presos preventivamente em penitenciárias de São Vicente, no litoral paulista. O trio está sendo acusado de homicídio qualificado.
- O processo corre no Foro da Praia Grande e o caso é investigado pela Delegacia Seccional de Polícia de Praia Grande.