São Paulo — A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) confirmou, neste domingo (22/12), o afastamento dos dois policiais militares acusados de agredir o petroleiro Ueslei Abreu das Neves, de 34 anos, durante um passeio com gatos de estimação, no dia 9 de dezembro, em Santos, no litoral paulista.
Segundo a SSP, a corregedoria da PM solicitou imagens de câmeras de segurança do local onde ocorreu a abordagem policial para apurar o episódio. Em nota, a pasta repudiou a conduta dos agentes e disse que pretende “punir exemplarmente aqueles que infringem a lei e desobedecem aos protocolos estabelecidos pela corporação”.
Leia também
A abordagem
Ueslei foi abordado pelos policiais em frente a uma farmácia, no bairro do Gonzaga. Ele contou que, ao questionar o motivo da abordagem, levou um tapa no rosto de um dos agentes. Em seguida, ainda segundo o relato, ele sofreu mais agressões e foi “arrastado” para a delegacia.
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
Arquivo pessoal
O homem passou a noite algemado na unidade policial, ao lado dos dois gatos de estimação, que ficaram dentro de uma mochila. Ele afirma que, em nenhum momento, os policiais perguntaram o seu nome, profissão ou o que estava fazendo no local da abordagem. Ueslei tinha hematomas no olho esquerdo e no punho (veja acima).
No boletim de ocorrência (B.O.), os policiais relataram que foram acionados após um disparo de alarme na farmácia. No local, encontraram Ueslei sentado próximo à porta de ferro do estabelecimento, o que provavelmente disparou o sistema de segurança, segundo os agentes.
Ainda segundo a versão dos PMs, um policial pediu a Ueslei que ficasse em pé e levantasse a camiseta, o que foi feito. Porém, quando os PMs mandaram o home colocar as mãos na cabeça, ele teria caminhado na direção dos agentes e questionado se a abordagem era pelo fato de ser negro.
“Nesse momento, o condutor [policial] deu um tapa no rosto do autor [Ueslei], a fim de evitar uma eventual fuga”, conforme consta no documento. Segundo os agentes, o homem teria os desacatado e dito que eles eram “policiais de bosta”.
A advogada Anna Fernandes, que representa Ueslei, solicitou acesso ao processo e imagens das câmeras de segurança do local, o que também foi feito pela SSP. Ela informou ao Metrópoles que irá apresentar uma queixa-crime contra os policiais por violência e racismo.
Segundo a SSP, o caso “é rigorosamente investigado pela Polícia Militar, por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM)”. A pasta ainda disse que ” reitera, ainda, seu total respeito com a legalidade, transparência e direitos humanos fundamentais”.
Crise na segurança pública
Diversos casos de abusos e violência em ações da Polícia Militar geraram muitas criticas de entidades civis e órgãos de defesa dos direitos humanos — e abriram uma crise na segurança pública do estado.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) reconheceu, durante evento, que a segurança pública em São Paulo “é uma ferida aberta, é uma chaga”.