São Paulo — A relação de grande parte dos japoneses com Ayrton Senna é de admiração e respeito fora do comum. A verdadeira paixão surgiu por vários motivos, entre eles o fato de o piloto brasileiro ter corrido durante os bons anos de sua carreira com motores Honda, na McLaren, além de ter chegado a seus três títulos mundiais em corridas realizadas no circuito de Suzuka, no GP do Japão.
Tanta reverência se reflete na forma como fãs japoneses fazem uma peregrinação ao visitar o São Paulo, procurando por lugares onde Senna viveu e até mesmo buscando levar recordações que os mantenham próximos do piloto de alguma forma. Vizinho da mansão onde o ídolo nacional morou na Avenida Nova Cantareira, na zona norte, Luiz Mendes conta que os asiáticos levam, como souvenir, folhinhas da trepadeiras que encobrem o muro da casa.
“Um ano, dois anos, depois que ele morreu, vinha muita gente. E, principalmente, excursão de japoneses. Os japoneses tiravam essas folhinhas [trepadeiras do muro da mansão de Senna] e levavam para o Japão”, afirmou Mendes. “Ele tinha um sucesso muito grande no Japão”, complementou.
O relato do aposentado não é fato isolado, quando se estabelece as conexões dos japoneses até hoje com a memória do piloto brasileiro.


Casa de Ayrton Senna na Avenida Nova Cantareira, no Tremembé, zona norte de São Paulo
William Cardoso/Metrópoles
Casa de Ayrton Senna na Avenida Nova Cantareira, no Tremembé, zona norte de São Paulo
William Cardoso/Metrópoles
Casa onde Ayrton Senna viveu, na Rua Condessa Siciliano, ao lado do Mirante de Santana, na zona norte de São Paulo
William Cardoso/Metrópoles
Casa onde Ayrton Senna viveu na Rua Pedro, no Tremembé, na zona norte de São Paulo
William Cardoso/Metrópoles
O comerciante Roman Popescu Junior, 63 anos, em frente à casa onde Ayrton Senna viveu na Rua Pedro, no Tremembé, na zona norte
William Cardoso/Metrópoles
Galpão onde antes havia casa de Ayrton Senna em Santana, na zona norte
William Cardoso/Metrópoles
Escola infantil, onde antes funcionou escritório de Ayrton Senna, na Vila Maria, na zona norte de São Paulo
William Cardoso/Metrópoles
Entrada da estação que leva nome de Senna, no Jardim São Paulo, na zona norte
William Cardoso/Metrópoles
Morador da Rua Pedro e amigo de adolescência e juventude de Senna, o comerciante Roman Popescu Junior, 63 anos, também se impressiona com a quantidade de nipônicos que surgem do nada para conhecer a casa em frente à sua, onde o piloto e a família moraram entre os anos 1970 e 1980.
“Na semana passada, tinha três carros da Honda aí, com oito japoneses. Os caras falam e você não entende nada, né? Meu filho fala inglês eu digo ‘Artur, vai lá falar com os caras’. Ele fala que era a casa do Ayrton, conversa um pouco e eles vão embora felizes”, afirmou Popescu. “Tiram foto e tudo”, disse.
Alguns fãs japoneses mais sortudos conseguem até mesmo entrar na casa onde o piloto viveu, com a autorização da família que vive por lá hoje.
Do outro lado da cidade, na zona sul, funcionários do Cemitério Morumby também relatam que é impressionante a peregrinação promovida pelos japoneses, muitos deles com símbolos que remetem aos motores Honda — que impulsionaram Senna pelos circuitos afora em seus melhores momentos. Segundo os trabalhadores do local, eles chegam respeitosamente e se dirigem ao túmulo do piloto, onde prestam homenagem.