São Paulo — A dona de casa agredida com um soco no rosto em uma abordagem policial em Campinas, interior de São Paulo, tinha uma medida protetiva contra o ex-companheiro, que estava presente no local da agressão, ocorrida na casa da vítima.
Segundo a advogada da mulher, Thais Cremasco, os policiais foram acionados por vizinhos da vítima que escutaram uma discussão mais acentuada na rua, no dia 21 de outubro. De acordo com a defesa, a briga envolveu mãe e filha e foi motivada pela presença do ex da mulher na residência.
A vítima possui uma medida protetiva contra o homem por causa de episódios de violência doméstica.
Ainda de segundo a advogada, ao chegar no local, os policiais “começaram a questionar e a pressionar a mãe”.
“Ela [dona de casa] se exaltou com a truculência da polícia. Eles começaram a discutir, saíram pra fora [de casa] e aconteceu essa cena”, afirmou Thaís ao Metrópoles.
A cena em que a advogada se refere é o momento em que um dos PMs envolvidos na ocorrência desfere um soco no rosto da vítima em frente a casa dela.
Segundo a denúncia apresentada pela advogada à Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo, durante a discussão, o PM teria falado à vítima para ficar quieta ou senão “levaria um soco na cara”.
Veja vídeo:
As imagens mostram a vítima caindo no chão depois de receber um soco desferido pelo agente público. Ainda de acordo com o documento apresentado à Corregedoria, o policial usou uma algema como arma. Após ser agredida, a mulher foi algemada e levada ao pronto-socorro em uma viatura.
Os vizinhos tentaram acionar o Samu para atender a mulher, porém foram impedidos pelos PMs que estavam na ocorrência. Segundo a denúncia, os agentes ainda mandaram os vizinhos lavarem a calçada para “esconder o sangue”.
Ao Metrópoles, o ouvidor Claudio Aparecido da Silva afirmou que a conduta do policial é “de uma brutalidade sem precedentes”.
“Eu avalio como uma conduta totalmente inadequada, que não guarda nenhuma legitimidade ou amparo legal, e de uma brutalidade sem precedentes. O negócio é difícil de ver. É uma coisa que a gente acaba assistindo, mas por obrigação de ofício, porque não é bom ver aquele tipo de imagem”, avaliou.
Segundo Claudio Aparecido, a Ouvidoria ainda vai acionar o Ministério Público de São Paulo (MPSP) para acompanhar a investigação da Corregedoria. Para ele, a agressão “não tem nenhuma possibilidade de ser caso isolado”.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que investiga o caso por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). A pasta disse que “todo e qualquer excesso cometido por policiais será penalizado em conformidade com a lei” e que os envolvidos foram afastados.