O chá verde, bebida milenar conhecida por suas propriedades antioxidantes, tem sido alvo de diversos estudos sobre saúde metabólica. Pesquisadores brasileiros agora aprofundaram o entendimento de como a infusão pode atuar em situações de obesidade e resistência à insulina.
Em experimento com animais submetidos a dietas ricas em gordura e açúcar, o consumo de extrato padronizado de chá verde resultou em perda de peso, melhora na tolerância à glicose e maior sensibilidade à insulina.
Segundo a equipe da Universidade Cruzeiro do Sul, os achados indicam que a bebida pode ser uma aliada em estratégias contra obesidade e diabetes tipo 2. O trabalho foi publicado em junho na revista Cell Biochemistry & Function.
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Como o estudo foi feito
O grupo liderado pela professora Rosemari Otton utilizou camundongos expostos a dietas hipercalóricas, semelhantes ao padrão alimentar ocidental. Parte dos animais recebeu extrato de chá verde por 12 semanas, em dose equivalente a cerca de três xícaras por dia para humanos.
Um cuidado importante foi manter os animais em temperatura de 28 °C, condição chamada de termoneutralidade. De acordo com a pesquisadora, a medida evitou que o frio influenciasse os resultados.
“Se os animais estão em ambiente mais frio, gastam energia para se aquecer, o que pode mascarar os efeitos reais de qualquer substância. Mantendo a temperatura adequada, conseguimos avaliar de forma mais precisa o impacto do chá verde”, explica a pesquisadora em comunicado.
Benefícios do chá verde no metabolismo
Além de contribuir para a perda de peso, o estudo mostrou que o chá verde ajudou a preservar a estrutura dos músculos, impedindo a redução do diâmetro das fibras, algo comum em casos de obesidade.
Os pesquisadores também observaram aumento na expressão de genes ligados ao aproveitamento da glicose pelos músculos e a recuperação da atividade da enzima lactato desidrogenase, fundamental para o metabolismo de energia.
Outro ponto importante é que o chá não interferiu no peso de animais magros, indicando que ele age de forma mais direcionada quando há excesso de gordura. A equipe também identificou indícios do papel da adiponectina, proteína produzida pelas células de gordura que regula processos metabólicos.
Quando os pesquisadores estudaram animais que não produziam essa proteína, eles observaram que o chá verde não apresentou efeito, reforçando sua participação no mecanismo de ação.
Efeito nos humanos
Apesar dos achados, a pesquisadora ressalta que ainda não há consenso sobre doses seguras e eficazes para humanos. “O ideal é um consumo regular e de longo prazo, como observamos em países asiáticos, onde a ingestão diária de chá verde é parte da cultura. Isso é diferente de tomar a bebida por alguns meses esperando um resultado rápido”, destaca Rosemari.
O chá verde oferece diversos benefícios à saúde, incluindo a prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, e o auxílio no controle de peso
Ela também alerta para a qualidade do produto disponível no mercado. Nem sempre os sachês prontos garantem concentração adequada dos compostos benéficos. “O extrato padronizado, como os manipulados em farmácias, assegura a presença dos flavonoides, que são os principais responsáveis pelos efeitos positivos do chá verde”, pontua.
Para a pesquisadora, a ciência busca trazer alternativas seguras e acessíveis no combate à obesidade, em contraste com medicamentos caros e de uso restrito. “Ainda não temos todas as respostas, mas cada passo nos aproxima de soluções reais que podem beneficiar a população”, conclui.
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