O número de acidentes envolvendo escorpiões no Distrito Federal aumentou 43,75% nos primeiros seis meses de 2025. De janeiro a junho deste ano, foram registrados 2.073 casos. Os dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), obtidos através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), mostram que 11 acidentes foram registrados por dia na capital durante o primeiro semestre deste ano.
No mesmo período do ano passado, foram computadas 1.442 ocorrências. Já no segundo trimestre deste ano, foram registrados 1.146 acidentes, superando os 927 do primeiro trimestre. Em todo o ano de 2024, foram 3.517 casos, com distribuição praticamente igual entre homens e mulheres, e com maior concentração de vítimas entre 20 e 49 anos.
O Informativo Epidemiológico de acidentes por animais peçonhentos da SES-DF mostra que, no primeiro quadrimestre de 2025, 1.662 (82%) dos 1.806 acidentes foram envolvendo escorpiões. Os números apresentados são referentes ao período de 29 de dezembro a 3 de maio de 2025, correspondentes aos dados das Semanas Epidemiológicas (SE).
A Estrutural é a região administrativa que lidera os incidentes com escorpiões, com 147,9 casos a cada 100 mil habitantes. Em sequência, vem o Paranoá, com 123,9 registros a cada 100 mil habitantes.
Em relação ao gênero, 51% dos acidentes envolveram homens e 49% mulheres. Tratando-se de faixa etária, quase metade das ocorrências, 47,8%, envolveram pessoas entre 20 e 49 anos.
Apesar do alto número de casos, apenas 0,4% foram considerados graves e 91,9% foram leves. Segundo a amostra, a maioria dos acidentes ocorre nas extremidades do corpo, como pés, mãos, dedos da mão e braços. As picadas na mão lideram a estatística com 37,55%, seguidas pelas picadas no pé, com 26,11% dos casos.
Veja em quais partes do corpo são mais comuns as picadas de escorpiões:
Casos de escorpiões
O último caso mais emblemático foi o de uma jovem que foi picada por um escorpião-amarelo no provador de roupas da loja Zara, na última quarta-feira (20/8). O caso não entra no levantamento quadrimestral e semestral por ter acontecido no mês de agosto. A Zara prestou todo o auxílio necessário à jovem, e o gerente acompanhou toda a internação até o momento em que ela recebeu alta médica, no mesmo dia do acidente.
Em julho deste ano, servidores da Câmara dos Deputados denunciaram a presença de escorpiões – alguns bem grandes – no subsolo do Anexo IV. A presença dos animais ocorre há pelo menos dois anos e parece ter se intensificado no início deste ano. Desde janeiro, conforme informado, um escorpião por semana tem sido encontrado nas salas do setor.
Segundo a SES-DF, o escorpionismo ou acidente escorpiônico é o quadro clínico de envenenamento provocado quando um escorpião injeta sua peçonha através do ferrão em sua presa ou predador. A Secretaria de Saúde do DF alerta que as três espécies mais frequentemente encontradas pela população são o escorpião-amarelo (Tityus serrulatus), o escorpião com patas rajadas (Tityus fasciolatus) e o escorpião-preto (Bothriurus araguayae).
Veja imagens das espécies:
Cuidados
Mestra em biologia animal, a professora da Universidade Católica de Brasília (UCB) Giovanna Nardelli recomenda que, ao encontrar o aracnídeo, não se manipule o animal com as mãos. “É necessário chamar o controle de zoonoses ou capturá-lo com segurança e, em caso de picada, deve-se lavar o local, manter o membro elevado e procurar atendimento médico imediato”, ressaltou. Nardelli destacou que, quando há picadas de escorpião, o soro antiescorpiônico deve ser aplicado o mais rápido possível. “Uma hora ainda está dentro do tempo seguro, mas atrasos maiores aumentam os riscos. Ao ser picado, o paciente deve procurar o pronto-socorro mais próximo para avaliação e encaminhamento”, explicou.
De acordo com o levantamento da SES-DF, a maioria dos casos é atendida em até 3 horas. Como não há dedetização específica para escorpiões, a especialista explica que deve ser feito o controle ambiental. “É preciso evitar entulhos, vedar ralos e eliminar baratas. O escorpião resiste a muitos venenos, então a dedetização isolada não resolve”, disse a bióloga.
A Secretaria de Saúde recomenda que, ao encontrar um escorpião em casa, o morador entre em contato com a Vigilância Ambiental, por meio do número 162, ou registre um chamado na Ouvidoria pelo sistema Participa DF.
Os hospitais públicos do DF disponibilizam soros antivenenos contra picadas de escorpiões em diversos hospitais no Distrito Federal. As pessoas que forem picadas pelo aracnídeo podem procurar os seguintes locais:
Confira os hospitais que disponibilizam soros antivenenos contra picadas de escorpiões no DF:
- Hospital Materno Infantil de Brasília (atendimento exclusivo para crianças de até 13 anos, 11 meses e 29 dias)
- Hospital Regional da Asa Norte (Hran)
- Hospital Regional do Guará
- Hospital Regional de Brazlândia
- Hospital da Região Leste (Paranoá)
- Hospital Regional de Ceilândia
- Hospital Regional do Gama
- Hospital Regional de Santa Maria
- Hospital Regional de Planaltina
- Hospital Regional de Sobradinho
- Hospital Regional de Taguatinga
Para solicitar inspeção em casos de aparecimento do animal, o contato com a Vigilância Ambiental pode ser feito pelo número 160 ou pelo e-mail gevapac.dival@gmail.com
A população também pode acionar o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox), que oferece atendimento 24 horas, pelos telefones 0800 644 6774 e 0800 722 6001.
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